Pois não é que, como nunca dantes neste País, está chovendo no verão? Desde que Cabral aportou por aqui (o Pedro, claro; o Sérgio não deu tanta sorte) sabe-se que não há chuvas nesta época do ano. Deve ser por isso que as enchentes pegaram o governo de surpresa, os ministros de férias, as obras, em que o contribuinte brasileiro já gastou bilhões, esquecidas.

Pois não é que, como nunca dantes neste País, há regiões com problema de seca? O Rio Grande do Sul, por exemplo. Como jamais tivemos secas no Brasil, o governo gaúcho foi apanhado de surpresa. O governador Tarso Genro pegou a família (diz que não levou assessores, mas há controvérsias) e foi passar as férias na Disneylândia da extrema-esquerda, Cuba. Os ministros que estavam de férias e foram surpreendidos pelas chuvas voltaram a seus gabinetes; o governador surpreendido pela seca, este não: férias são férias. O povo pode esperar.

Pois não é que, como nunca dantes neste País, os moradores da região serrana do Rio ficam reclamando das estradas que se desfazem na chuva e das pontes destruídas no ano passado e que até hoje não foram reconstruídas? É um pessoal sem-noção, isso sim: se as chuvas deste ano foram uma surpresa, isso significa que não houve chuvas no ano passado, nem tragédias e destruição provocadas pelas chuvas que não houve. Não há, pois, o que reconstruir, já que nada estava destruído. E por que esses moradores não fazem como o governador Cabral, e resolvem seus problemas viajando no jatinho de algum amigo empreiteiro?

ENTRA ANO, SAI ANO

Todos os anos, sem exceção, anuncia-se que as chuvas de dois dias superaram as previsões para o mês inteiro. O governo determina providências imediatas e libera verbas. E pronto: as verbas não saem, em parte porque os projetos não andam, e no ano seguinte, sem exceção, descobre-se que houve belos desvios.

BOM DE BOCA

Ainda no ano passado, o tucano José Serra disse que "no dia seguinte" entraria com um processo criminal contra o jornalista Amaury Ribeiro Jr., autor do livro A Privataria Tucana, que o acusa de beneficiar-se das privatizações promovidas pelo governo Fernando Henrique. Até agora, nada. A filha de Serra, Verônica, atacada no livro, também prometeu iniciar imediatamente o processo. E nada. As ações seriam movidas contra o autor e a editora da obra, a Geração.

O NOME DO BICHO

Para entender direitinho o que está acontecendo com o ministro da Integração, Fernando Bezerra, é preciso saber seu nome inteiro: Fernando Bezerra Coelho. A família Coelho comanda a região de Petrolina, em Pernambuco, e Juazeiro, na Bahia, uma em frente à outra; entre seus integrantes há governadores da Bahia e de Pernambuco (ambos chamados Nilo), deputados, prefeitos. Fernando Bezerra, ao nomear o filho, o tio e o irmão, está fazendo o que dele se espera, e que para ele nada tem de estranho.

Afinal de contas, comenta-se, na região pernambucana de Petrolina e na baiana de Juazeiro, quem não é Coelho é cenoura.

FAÇA UM ESFORÇO. LEMBRE-SE!

Vários ministros debaixo do fogo da imprensa - e cadê a oposição? Puxe pela memória: existe uma, talvez a menor e mais fraca que já houve no Congresso, mas existe. Existe, mas faz questão de se esconder.

No caso Bezerra, nem os presidentes do PSDB, do DEM e do PPS, que formam a oposição, apareceram.

AGORA, VAI!

O presidente nacional do PSDB, deputado Sérgio Guerra, de Pernambuco, promete organizar até o fim do mês um encontro com todos os líderes de partidos de oposição, para combinar a atuação conjunta pelo menos até as eleições municipais, em outubro.

O local da reunião oposicionista ainda não foi marcado: talvez algum oposicionista possa emprestar seu Smart, ou Cinquecento.