Economia Titulo Taxas
Bancos cobram juros acima
do teto no cheque especial

Taxa média da Caixa, porém, caiu 46% no percentual médio
entre o começo de abril e o dia 11; no BB, a queda foi de 5%

Por Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
24/06/2012 | 07:00
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A Caixa Econômica Federal reduziu a taxa de juros do cheque especial em 46% no percentual médio entre o começo de abril e o dia 11. A operação do banco passou de 7,99% ao mês, na média, para 4,26%, conforme informações do BC (Banco Central). O banco foi um dos primeiros a anunciar reduções em suas linhas de crédito. Por outro lado, algumas instituições privadas estão cobrando, na estatística do BC, mais do que anunciaram como juros máximos para essa linha de crédito aos seus clientes. Bradesco, HSBC, Santander e Itaú tiveram reduções menores do que 3% em suas taxas médias entre abril e o dia 11. O quarteto continua cobrando juros superiores a 8,5% ao mês, na média das concessões, mesmo após anunciarem que reduziriam taxas no especial. Em janeiro, quando ainda não tinham sido anunciadas mudanças, a  média de juros da modalidade era de 8,36%.

REDUÇÕES - Para se ter ideia, hoje o teto do cheque especial na Caixa está em 4,27%. "Mas os clientes com maior relacionamento e que recebem salário no banco conseguem até 1,35% ao mês", diz o gerente de pessoa física da superintendência do Grande ABC da instituição financeira, Edvaldo Contin. No Grande ABC, o banco expandiu em 65% o volume concedido pela modalidade em maio contra igual período do ano anterior. O montante passou de R$ 30 milhões para R$ 49,5 milhões.

O especialista em finanças pessoais da Moneyfit Antonio de Julio alerta que mesmo em 4,26% ao mês, o cheque especial da Caixa ainda é perigoso aos consumidores e deve ser usado apenas em casos de emergência. "Nos Estados Unidos, por exemplo, o cartão de crédito é uma das operações mais caras ao consumidor e custa apenas 16% ao ano. Aqui na Brasil, o especial na taxa atual está próximo a 65% ao ano", explicou

O Banco do Brasil teve a segunda maior redução na taxa média do cheque especial, de 5,7%. O custo ao cliente da operação passou de 8,69% ao mês para 8,19%. "De acordo com a metodologia desse estudo, reduções mais expressivas nas taxas do BB aparecerão nas próximas divulgações da pesquisa", afirmou a instituição de capital misto.

JUSTIFICATIVA - Questionado sobre o percentual médio atual, o HSBC informou que atribui suas taxas em função do relacionamento que o cliente possui com o banco. Além disso, completou que os percentuais publicados pelo BC "são taxas de referência e variam de acordo com a evolução do mercado financeiro".

O banco anunciou em abril que seu cheque especial tem taxas a partir de 1,39% ao mês até 9,98%. O BC aponta que na semana encerrada no dia 11, a instituição privada cobrava 10,07% em média.

Em situação semelhante está o Santander, que afirmou que suas taxas vão de 3,5% ao mês a 9,95%. No entanto, o último balanço do BC aponta juros médios de 10,23% ao mês. "O Santander esclarece que repassou a redução da taxa Selic para os seus produtos de crédito. O banco ressalta que oferece os dez dias sem juros no cheque especial e, caso o cliente ultrapasse esse período, o orientamos a parcelar o saldo devedor pela metade do juros", argumentou o banco.

No caso do Itaú, que anunciou taxa máxima no especial de 8,85% ao mês, o BC aponta para média de juros de 8,66%. A instituição não se pronunciou até o fechamento desta edição.

O Bradesco também reduziu as suas taxas para clientes com alto grau de relacionamento com o banco, mas as médias no BC mostram 8,66% ao mês no especial.

Para o professor do Insper e o economista José Dutra Sobrinho, o mínimo que os bancos deveriam ter feito era reduzir, no período em comparação, o mesmo que ocorreu com a Selic, que caiu 11%. "Me parece que os bancos privados estão brincando de faz de conta. Faz de conta que estão baixando alguma taxa", critica.




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