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Militantes na civilização

O Fórum Social, que nasceu como um contraponto de Davos, tornou-se o mais importante espaço de reflexão de toda a perplexidade

Cristina Baddini
06/02/2009 | 00:00
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O Fórum Social, que nasceu como um contraponto de Davos, tornou-se o mais importante espaço de reflexão de toda a perplexidade desencadeada por um triângulo de crises: econômica, social e ambiental. Prestigiado pela presença de cinco presidentes latino-americanos, patrocinado pelo governo do Estado do Pará, o fórum foi e deve continuar sendo um espaço da sociedade.

 Fórum Mundial da Educação

O Fórum Mundial da Educação promoveu um grande encontro de educadores para discutir Educação, Transgressão e Construção da Cidadania Planetária. A mesa de abertura contou com diversas autoridades e a mesa de discussões, coordenada pelo educador Moacir Gadotti, do Instituto Paulo Freire, trouxe o teólogo Leonardo Boff e a senadora Marina Silva (PT-Acre), que deram um norte ético para as discussões da crise e do meio ambiente.

 Como criar alternativas

Para Boff, a crise é fruto do sistema global e coloca a grande questão de como criar alternativas que incluam toda a espécie humana e todas as espécies vivas. Propõem cinco princípios como bases para uma nova civilização: ‘sustentabilidade da vida e do planeta', ‘cuidado com a natureza', ‘respeito ao direito de existir', ‘responsabilidade universal' (não contaminar as águas e o ar, não fazer guerras ou o pior que pode acontecer que é não fazermos nada) e ‘cooperação'. Além dos princípios, sugere também quatro virtudes: a hospitalidade, a convivência das diferentes formas de vida, a tolerância e a comensalidade (todos têm o direito de comer).

 Transgredir

Marina Silva situou inicialmente o que entende por transgressão. É preciso transgredir com a lógica do mercado e fazer prevalecer a lógica dos valores. Não é errado ter interesses, todos têm os seus desejos. Mas o erro é quando seu interesse se sobrepõe aos demais. É diante da crise que somos instados a buscar novas alternativas. Salientou que é preciso resolver as mudanças climáticas com todos: jovens, velhos, índios. Juntar o melhor de nossas experiências para dar uma resposta à crise mundial do momento. Finalizou mostrando que o grande desafio é que todos nós devemos nos transformar em ‘militantes da civilização'.

 Resultados

Os organizadores do fórum têm a exata noção da importância da política na criação de soluções para o planeta. Foram feitas discussões sobre mudanças climáticas (destruição da floresta e o degelo dos Andes), modelos energéticos (a luta contra as barragens), a soberania e a segurança alimentar (crítica aos agrocombustíveis), a luta pela terra, os impactos das hidrelétricas sobre as populações tradicionais, a justiça nos trilhos (impactos da mineração), a justiça ambiental, a justiça climática, as utopias do século 21 até o ecossocialismo. A tenda da reforma urbana discutiu a sustentabilidade das cidades. A tenda multiuso 3 discutiu juventude e meio ambiente, a ecologia social, os processos de titulação, o capitalismo e a natureza e o papel das universidades frente aos grandes projetos.

 O difícil foi escolher o que acompanhar. Agora é viver o que foi discutido e desejar que um mundo melhor aconteça.




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