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A roupa nova dos tucanos

O PSDB não perdeu as eleições presidenciais por seguir, na campanha, a agenda fixada pelos adversários. Nã

Por Carlos Brickmann
15/06/2011 | 00:00
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O PSDB não perdeu as eleições presidenciais por seguir, na campanha, a agenda fixada pelos adversários. Não perdeu por defender teses rigorosamente opostas às que aplicou quando era Governo. Não perdeu por apresentar candidatos despidos de qualquer vestígio de carisma. Não perdeu por ter enfrentado adversários mais competentes. Não perdeu porque se envergonhou de seu maior líder, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, e o escondeu dos eleitores.

Não: o PSDB acha que perdeu as eleições por uma questão de comunicação. E foi buscar na mesma empresa que mudou o nome do PFL para Democratas a orientação exata para unificar sua linguagem em todo o país.

Há várias sugestões interessantes. Do mesmo modo que os pefelês, sem mudar nada, viraram demos, o PSDB pode trocar seu símbolo mais conhecido, o tucano, pelo, digamos, o quero-quero. Nada mais justo: basta assistir ao duelo entre Alckmin, Serra e Aécio, com Marconi Perillo na espreita. Quero-quero ser presidente!, cantam, como o passarinho. Como o quero-quero, José Serra circula em estádios de futebol, sem entender muito bem o que se passa lá dentro e cantando a preferência clubística que os marqueteiros lhe arranjaram, o Palmeiras. Alckmin também adora futebol, sabia? Torce pelo Santos e, se soubesse onde fica o estádio do clube, também o sobrevoaria qual quero-quero esportista.

Dizem que tucano é marca do PSDB porque tem bico longo e voo curto. Mas não sabe gritar lero-lero, ou melhor, quero-quero porque quero ser presidente.

Últimas semanas

Aproveite junho, único mês em que a formação de quadrilhas é permitida para todos os cidadãos. No resto do ano, é só para aqueles que a gente sabe.

Questão de coerência

Os ex-presidentes Fernando Collor e José Sarney se opõem vigorosamente à fixação de prazo máximo para acesso a documentos oficiais (hoje, está em sigilo até a papelada da Guerra do Paraguai, dos tempos em que o Brasil era império, o imperador era D. Pedro 2º e o século era o 19). E fazem tanta pressão que a presidente Dilma Rousseff, que dizia ser favorável à divulgação dos documentos da ditadura militar, bem mais recente, já perdeu o entusiasmo pela medida.

Mas não fique indignado: se o caro leitor fosse Fernando Collor ou José Sarney, seria favorável à divulgação de algum documento?

Bom motivo

Homofobia é coisa de gente burra: ter ódio de alguém porque é nordestino, preto, gaúcho, louro, judeu, muçulmano, mulato de olhos verdes, heterossexual, pansexual, simplesmente não tem sentido. Cada um é como é, cada um faz o que lhe parece conveniente, e tudo bem, desde que não abuse de ninguém nem invada o espaço dos outros. Mas este colunista não tinha opinião formada sobre a Lei da Homofobia: seria, como dizem seus adversários, algo autoritário, ditatorial?

Mas o senador Magno Malta, do PR capixaba, disse que renunciará se a Lei da Homofobia for aprovada. Não dá para perder essa chance única de tornar o Congresso mais arguto: a lei deve ser boa. Viva a Lei da Homofobia!

Censura condenada

A União Brasileira de Escritores repudiou a decisão do Tribunal de Justiça de São Paulo de proibir a distribuição gratuita, para alunos da rede estadual de ensino, do livro Os Cem Melhores Contos Brasileiros do Século. Motivo: um dos contos, do consagrado Ignácio de Loyola Brandão, foi considerado obsceno. "Parece", diz o presidente Joaquim Botelho, "que está aberta a jurisprudência para proibir Bocage, Petrarca, Gregório de Mattos (...) Estarão os educadores tendo sua liberdade de cátedra ameaçada?"

Este colunista é do tempo em que o clássico O Amante de Lady Chaterley, de D. H. Lawrence, era proibido - hoje o filme passa até na televisão. Henry Miller, então, nem pensar - o que não impediu nenhum garoto de ler Sexus, nem Plexus, nem Nexus. Censura é pior que autoritarismo: é bobagem.

Aeroporto elástico

Em sua opinião, o aeroporto de Cumbica está saturado? Pois o caro leitor ainda não viu nada: o respeitado colunista Aziz Ahmed, do Jornal do Commercio do Rio, informa que a Lufthansa vai trocar o avião usado na rota Munique-São Paulo por um maior, com 85 lugares a mais. Já não cabem - e em 2014, caberão?

Levar vantagem em tudo

O Groupon, portal de compras coletivas pela Internet, se negou a devolver R$ 30,00 que havia cobrado indevidamente a um cliente. Final da história, que foi parar na Justiça: o Groupon foi condenado a devolver o dinheiro e a pagar indenização por danos morais de R$ 5 mil. Pior: a sentença do juiz critica duramente seus serviços. Tudo começou quando o Groupon debitou duas vezes a mesma conta no cartão de crédito do cliente. Admitiu o erro e recomendou ao consumidor que usasse o segundo cupom no mesmo restaurante.

Só que o restaurante não aceitou o segundo cupom. E o Groupon não devolveu o dinheiro. De acordo com o juiz Flávio Citro Vieira de Melo, foi "quadro grave de inadimplência e má prestação de serviços". O Groupon pode recorrer.




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