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ABC investe no turismo de eventos e entretenimento
Do Diário do Grande ABC
26/04/2000 | 09:34
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Uma das saídas encontradas pelos municípios da regiao do ABC para fazer frente à reduçao da atividade econômica causada pelo esvaziamento da atividade industrial é o investimento no turismo de eventos e entretenimento. Apesar de um índice de desemprego próximo a 20%, a regiao, com uma populaçao de três milhoes de pessoas, ainda tem excelente potencial de consumo, sustentado por aqueles que permanecem empregados nas grandes indústrias e pelos trabalhadores acolhidos pelo setor de serviços.

Santo André, por exemplo, segundo uma pesquisa do Instituto Brasmarket, de 1997, é a terceira cidade do país em consumo per capita, atrás apenas de Sao Paulo e Rio de Janeiro.

O ex-secretário de Serviços Municipais de Santo André, Klinger Luis Oliveira Souza, lembra que em meados da década de 90 o ABC passou pelo fenômeno denominado "deseconomia": houve uma reduçao da mobilidade causada pela insegurança e pelo trânsito caótico, retendo mais na própria regiao os moradores que antes davam preferência às compras em Sao Paulo.

Explicitadas, as carências das cidades do ABC estimularam investimentos em centros de compras e de entretenimento. Em cinco anos a regiao ganhou mais de 30 salas de cinema e, em um período de tempo um pouco maior, recebeu quatro shoppings e mais de cinco hipermercados, sem contar as diversas franquias da área de alimentaçao, principalmente. "Nosso objetivo agora é trazer consumidores para cá e polarizar com Sao Paulo o potencial de consumo", afirmou.

Na mesma direçao caminham alguns empresários do setor de hospedagem e alimentaçao, um dos primeiros a sentir o impacto da perda de poder aquisitivo da populaçao causada pelo desemprego e pela transferência ou fechamento de indústrias. Na busca de alternativas para recuperar clientes e receita, eles se uniram e passaram a promover atividades culturais como forma atrair consumidores para regiao.

Por iniciativa da empresa Viva ABC, criada pelo Sindicato das Indústrias de Hospedagem e Alimentaçao do Grande ABC (Sehal), e em parceria com a Prefeitura de Santo André, a cidade teve no início do mês a sua primeira micareta, denominada ABC Folia, com direito a presença de três trios elétricos e grupos de axé baianos, como Asa de Aguia, Banda Beijo, Araketu e Ivete Sangalo. Cerca de 175 mil pessoas participaram da folia, que custou R$ 700 mil aos organizadores e empregou diretamente aproximadamente 2.500 pessoas, de acordo com o presidente da empresa, Reinaldo Malandrin. Nos três dias de carnaval fora de época, o movimento dos restaurantes da cidade cresceu em média 5% e dos motéis, 12%.

A idéia de trazer a Bahia para Santo André já tinha sido testada no reveillon de 1998, quando o grupo Olodum atraiu milhares de pessoas para o show da passagem do ano. A partir desta experiência, o Sehal decidiu contratar um produtor do grupo e fez sociedade com a empresa Caco de Telha, da cantora Ivete Sangalo, para organizar o ABC Folia, que acabou saindo apenas este ano.

Simultaneamente, a empresa conseguiu atrair para a cidade a primeira ediçao do Budweiser Music Hall, uma lona itinerante que passará por nove cidades do País, onde se apresentarao grupos musicais. O Titas abriu a temporada, no final de semana passada, e o grupo Timbalada pode fazer o encerramento, no final do mês. O importante, segundo o diretor da Viva Brasil, Wilson Bianchi, é que grande parte da mao-de-obra e a aquisiçao de alimentos e bebidas sao feitos na própria regiao, colaborando para a movimentaçao econômica da regiao.

A Viva ABC está programando ainda duas grandes festas de Sao Joao em julho, em locais ainda a ser definidos, e o Festival de Inverno de Paranapiacaba, como forma de atrair turistas para a regiao. A vila em estilo vitoriano, localizada na regiao sul de Santo André, tem oficinas de tijolo aparente e um relógio que imita o Big Ben londrino.




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