Setecidades Titulo Em razão das chuvas
Cinco cidades têm riscos de alagamento e deslizamento

Previsão é a de que instabilidade climática e chuva sigam até amanhã na região; solo encharcado agrava possibilidade de acidentes

Por Flavia Kurotori
Do Diário do Grande ABC
11/02/2020 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


Cinco das sete cidades estão com alerta de risco moderado para deslizamentos e alagamentos vigente devido ao volume de chuva dos últimos dias. Isso é o que diz comunicado do Cemaden (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais) emitido às administrações de Santo André, São Bernardo, Diadema, Mauá e Rio Grande da Serra.

Para hoje, a previsão é a de que o tempo permaneça instável, com céu nublado, possibilidade de chuva fraca a moderada a qualquer momento e pancada intensa no fim da tarde. A tendência é a de que o cenário siga desta maneira até amanhã. Mesmo com a redução do volume de chuva, o solo está encharcado, o que dificulta a absorção da água e aumenta a chance de escorregamentos de solo.

“A chuva vai continuar e a tendência é que tenha mais alagamentos, com a água subindo mais rápido, e deslizamentos”, explica Marta Marcondes, bióloga e coordenadora do curso de gestão ambiental da USCS (Universidade Municipal de São Caetano). “Se continuar assim, vai ser como em março do ano passado (quando dez pessoas morreram e diversos transtornos foram registrados na região)”, completa.

Embora o verão seja a estação das chuvas, uma das explicações para o volume de aproximadamente 110 milímetros que caiu no Grande ABC nos últimos três dias é o fato de a Região Metropolitana de São Paulo estar em rota de formação de nuvens. “Estamos na rota das nuvens formadas no Amazonas e em um vale entre a Serra da Cantareira e a Serra do Mar”, explica Marta. Além disso, ela avalia que os acontecimentos recentes indicam que vivemos ciclo de fortes chuvas que ocorre a cada 25 anos, em média.

OCORRÊNCIAS - No Grande ABC, entre sábado e a tarde de ontem, foram registrados pontos de alagamentos, deslizamentos, quedas de muros e de árvores em Santo André, São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires. Em Rio Grande da Serra, muro caiu na madrugada de ontem e abalou a estrutura de uma residência. Ao constatar o risco, a Defesa Civil interditou o local e os moradores foram levados para casa de parentes. 

No sábado, após chuva de aproximadamente 30 minutos, quatro pessoas caíram no Córrego Saracantan, em São Bernardo. Uma delas foi o vendedor de alface Gilvan Pereira de Jesus, conhecido como Gugu>, 33 anos. Ele foi encontrado sem vida na manhã de domingo, no Piscinão Canarinhos.

“As cidades foram planejadas no início do século XX e este modelo não faz mais sentido. As avenidas foram implantadas por cima ou ao lado de córregos, porque era mais fácil por não precisar desapropriar a população”, esclarece Alejandra Devecchi, especialista em planejamento urbano da Ramboll do Brasil, empresa de consultoria ambiental.

As especialistas avaliam que uma das mudanças na gestão deve ser o investimento em áreas permeáveis no lugar de piscinões. “Um parque também tem outras vantagens, como o lazer e a valorização imobiliária do entorno”, exemplifica Alejandra. Outro ponto que precisa ser aprimorado é a política habitacional. “As pessoas se espalham em morros, várzeas e áreas verdes abandonadas porque não têm outra alternativa, (por este motivo) a mancha urbana tem crescido sem necessidade (em trechos verdes, permeáveis) e em áreas de risco”, assinala a especialista em planejamento urbano.




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