Setecidades Titulo Corpos foram carbonizados
Polícia diz que filha e companheira tiveram ajuda para matar família

Casal de empresários e filho caçula foram encontrados carbonizados na terça-feira em São Bernardo

Vanessa Soares
Do Diário do Grande ABC
30/01/2020 | 22:18
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Denis Maciel/DGABC


A Polícia Civil investiga a participação de uma terceira pessoa no assassinato do empresário Romuyuki Gonçalves, 43 anos, da mulher, Flaviana, 40, e do filho mais novo do casal, Juan, 15, encontrados carbonizados dentro do porta-malas do carro da família na madrugada de terça-feira, na Estrada do Montanhão, em São Bernardo.

A filha mais velha do casal, Ana Flavia Gonçalves, 24, e a companheira dela, Carina Ramos, 31, tiveram prisão temporária – 30 dias – decretada pela Justiça na noite de quarta-feira e são as principais suspeitas de participarem do crime. Segundo a polícia, elas apresentaram contradições em depoimentos prestados na madrugada de terça-feira. Elas alegam que a família tinha dívida de R$ 200 mil com agiota e que o pagamento desse valor foi o motivo para que a família tivesse saído de casa na madrugada.

Uma testemunha que está sob proteção judicial e não teve a identidade revelada relatou à polícia que viu um homem de aproximadamente 1,90 metro de altura junto com Ana Flávia e Carina. “Essa pessoa contraria tudo que elas falaram. Conta que colocaram o carro de ré e carregaram coisas pesadas. Isso é altamente suspeito”, declarou o titular da Delegacia de Investigações Criminais de São Bernardo, Paul Henry Bozon Verduraz.

Câmeras de segurança do condomínio onde a família vivia, no Jardim Ciprestes, em Santo André, – que foi pichado com pedido de justiça – mostram que, por volta da 1h da terça-feira, dois carros deixaram o local (o Jeep Compass da família e o Fiat Pálio de Ana Flávia. O veículo da família foi encontrado duas horas depois, em chamas. Laudo necroscópico revelou que a morte dos três foi provocada por traumatismo cranioencefálico em decorrência de pancadas no lado direito da cabeça – o que indica que o agressor é canhoto.

A polícia informou ainda que a perícia confirmou a presença de manchas de sangue em uma calça de Ana Flávia, que mora com a companheira há cerca de dois anos. Embora Verduraz não tenha certeza sobre a motivação do crime, Ana Flávia e Carina contaram que a relação com a família era conturbada porque Gonçalves e Flaviana não aceitavam a união homoafetiva, o que foi confirmado por familiares.

Durante diligências na residência onde a família assassinada morava, a polícia encontrou o imóvel revirado e percebeu que jóias, eletrodomésticos, cerca de R$ 8.000 em espécie e quantia não informada em dólar foram subtraídos. Também havia manchas de sangue espalhadas pelo local. 

Agora, a polícia aguarda a quebra de sigilo telefônico das duas suspeitas, além do resultado da perícia realizada na residência da família e no carro de Ana Flávia e Carina para dar continuidade às investigações. 

Enterro tem comoção e pedido por justiça

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC

O enterro da família Gonçalves foi marcado por forte comoção. Os corpos do casal Romuyuki e Flaviana e do filho caçula Juan foram sepultados no Cemitério do Carminha, em São Bernardo, às 16h de ontem, após 15 minutos de velório, oração e palavras de conforto pronunciadas por parentes. O espaço foi tomado por cerca de 100 pessoas.

Mãe de Flaviana, Vera Lucia Chagas Conceição, 58 anos, pedia para que o neto não a deixasse e clamava por justiça. Irmão de Flaviana, Flávio Menezes, 38, agradeceu aos três pelos momentos em vida e puxou salva de palmas em homenagem aos familiares.

Menezes afirmou que acompanhará as investigações até o fim. “Nunca esperei passar por um momento tão triste e dolorido como esse. A vida da minha família virou de pernas para o ar. Mesmo com toda a dor, sou grato a Deus por ter me escolhido e dado a oportunidade de ter sido irmão da Flaviana, cunhado do Romuyuki e tio de Juan”, disse.

Questionado sobre a suspeita de participação da sobrinha no crime – Ana Flávia Gonçalves, 24, e sua companheira Carina Ramos, 31, presas na noite de quarta-feira –, Menezes preferiu não opinar. “Não parei para pensar em relação a quem fez, como fez e quando fez. Me dediquei a liberar os corpos e à carga que minha mãe está sentindo.”

Elisangela Bizerra, 42, disse que foi madrinha de matrimônio do casal e vice-versa. “Era uma família do bem. Muito tranquilos. Sempre frequentei a casa deles e nunca soube de desavenças com a Ana Flávia. Estou chocada.”

Tia de Gonçalves, Francisca de Sousa Ferreira disse, em entrevista ao Diário por meio da TV Meio Norte, do Piauí, onde mora, que a família desconfia que a motivação do crime seja herança recebida por Flaviana após a morte do pai.




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