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País avança no setor de reciclagem
Por Luciele Velluto
Do Diário do Grande ABC
07/05/2006 | 08:25
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O Brasil recicla atualmente 10% de todo o resíduo sólido urbano que a população produz. Parece pouco, mas não é. Quando comparamos o índice brasileiro com o de outros países, vemos que estamos à frente de países como Portugal (5%), iguais à Grécia (10%) e à Hungria (10%) e próximos ao Reino Unido (15%). E o país não pára de crescer quando o assunto é reciclagem.

Isso é o que revela um estudo do Cempre (Compromisso Empresarial para Reciclagem), uma instituição que incentiva empresas fabricantes de produtos e embalagens a investir em reciclagem e utilização de recursos renováveis. A pesquisa ainda revela que uma pessoa gera cerca de 800 gramas de lixo por dia, ou seja, a população brasileira produz por volta de 160 mil toneladas de resíduos diariamente. De todo os resíduos sólidos urbanos, 40% é destinado para locais considerados corretos, os aterros.

Para o diretor executivo do Cempre, André Vilhena, o gargalo da reciclagem no país está na coleta do lixo seco, ou seja, todo aquele que faz parte de seleção para reciclagem. “Os canais existem. Temos catadores e coleta seletiva em algumas cidades, mas falta maior participação da população. É ai que perdemos para outros países”, diz. A entidade estima que haja 500 mil catadores de recicláveis e 20 mil cooperativas de seleção de material atualmente no país.

No Grande ABC, a maior parte das cidades apresentam programa de coleta seletiva, com exceção de São Caetano e Rio Grande da Serra. “No caso de Santo André e São Bernardo, o caminhão passa na porta de casa. Não há porque não participar”, afirma o diretor.

Vilhena explica que não é preciso que as pessoas separem os resíduos por material. “É necessário apenas separar o lixo seco do orgânico. O resto é por conta das cooperativas. Até porque a população não é obrigada a saber separar todos os sete tipos de plásticos utilizados em embalagens.”

Mas o diretor conta que, para as ações serem efetivas, também é necessária a participação do poder público. “Temos um contato permanente com as prefeituras para incluir o tema na agenda política e continuar a elevar os números da reciclagem”, ressalta.

Europa – No mercado da reciclagem, os países da União Européia aparecem em vantagem diante do Brasil porque utilizam o lixo para gerar energia. Isso significa que utilizam a incineração como fonte energética. Como a Suécia, que recicla 40% do seus resíduos, queima 50% como fornecimento de força e 10% vão para lixões. Porém, o esse uso faz com que a fonte não se renove e seja necessário fabricar novos produtos com mais matéria-prima.

Quanto à tecnologia de reciclagem, o Brasil segue os mesmos padrões de outros países, como na reutilização do vidro, que é feita por meio de aquecimento, e de plástico, por modo mecânico. Mas também exporta conhecimento na área, como é o caso da Tecnologia Plasma, que consegue separar todos os componentes das embalagens tipo Longa Vida e transformá-los novamente em matéria-prima.

“Hoje, existe a indústria fabricante de máquinas para reciclagem, o que não havia há dez anos”, conta José Roberto Giosa, coordenador de reciclagem da Abal (Associação Brasileira do Alumínio) e da Abralatas (Associação Brasileira dos Fabricantes de Latas de Alta Reciclabilidade).

Esquecimento – Mas há um resíduo que não é reciclado, embora constitua praticamente 90% de todo o lixo produzido por uma pessoa. A parte orgânica, os restos de alimentos e vegetais. “Vejo esse como o nosso maior problema hoje, pois não recuperamos quase nada, apenas 1,5%”, explica Vilhena. Essa matéria pode ser processada e se transformar em adubo.




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