Economia Titulo
Dólar barato derruba setor têxtil e ameaça a indústria
Por Leda Rosa
Do Diário do Grande ABC
03/02/2007 | 21:04
Compartilhar notícia


O ano de 2006 foi um dos piores para o setor têxtil. E 2007 pode ser ainda pior. Quem garante é Fernando Pimentel, diretor-superintendente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), há 30 anos no ramo têxtil. “Houve soma de fatores negativos para este impacto, mas a maior apreciação do câmbio teve resultado desastroso. Um crime cambial.”

Para o 1,65 milhão de trabalhadores empregados pelo setor, a perspectiva também é inquietante. No Grande ABC, as demissões superaram as de 2005 e apontam o crescimento do trabalho informal. A participação nos lucros também diminuiu.

Segundo o dirigente, o Brasil teve 30% de apreciação cambial, a maior entre os países emergentes, elevando ainda mais o impacto da já pesada carga tributária das indústrias têxteis. “O câmbio foi a variável mais negativa, pois o setor têxtil e de confecção, intensivos em insumos nacionais, sofreram tanto nas exportações como no mercado interno, pois tiveram de enfrentar a concorrência internacional, que manteve o câmbio competitivo adotando táticas de recuperação econômica via comércio.”

Por isso, o país – sétimo do mundo em produção de confeccionados – fechou 2006 com um déficit na balança comercial de US$ 60,2 milhões, o primeiro em cinco anos de superávits consecutivos. O desempenho surpreende diante do de 2005, quando o saldo foi positivo em exatos US$ 684 milhões. Assim, entre 2005 e 2006 a balança teve uma “inversão” de US$ 744,2 milhões.

O presidente da Abit, Josué Gomes da Silva, disse que o saldo da balança comercial do setor pode registrar um déficit, em 2007, de US$ 1,3 bilhão. o maior desde 1997 – quando o câmbio era fixo. Ele faz essa projeção baseado no aumento de 50% das importações e 6% das exportações têxteis em janeiro de 2006 contra o mesmo período de 2005. Se concretizada a projeção, pode resultar na redução de 280 mil postos de trabalho em 2007.

Em 2005, o Brasil exportou o dobro de 1999. Em 2006, a queda nas exportações alcançou 5,45% e as importações aumentaram em 41,2%. Para otimizar o crescimento setorial, a ABIT intensificará as negociações com o governo federal e o Legislativo em prol do combate ao contrabando, da consolidação de acordos com os grandes blocos compradores (União Européia, Japão, Canadá e Estados Unidos), da desoneração da produção e da elevação da aliquota de importação de 20% para 35%.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;