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USCS abandona índice de preços da região
Por Pedro Souza
do Diário do Grande ABC
25/06/2011 | 07:09
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Um dos indicadores referências da inflação para a região parou de ser produzido neste ano. O Instituto de Pesquisa da Universidade Municipal de São Caetano não apura mais o IPC-USCS/ABC (Índice de Preços ao Consumidor). Mas em troca, houve reforço nos trabalho da pesquisa socioeconômica da instituição de ensino.

 "O papel da universidade é dar retorno à sociedade. Se no momento o índice perdeu o sentido da existência, nós reforçamos a socioeconômica, mais necessária no momento", explicou a diretora do Inpes/USCS, Maria do Carmo.

Ela disse que o principal motivo para o fim do indicador, que existe desde 1993, foi a estabilidade econômica do País. Os bons resultados e o controle inflacionário no Brasil deixam a maioria dos indicadores de inflação emparelhadas. "Existe pouca diferença na variação dos preços de região para região", acrescentou Maria.

Este cenário é fatal para um indicador regional. O motivo principal de sua existência é mostrar a diferença entre a inflação da região com os recortes da Capital, estadual, nacional ou setorial. E esta foi a função do IPC-USCS nos primeiros anos de vida.

 "Naquela época tínhamos muita instabilidade na inflação. E pertencemos a uma região com sindicatos fortes e montadoras, o que contribuía muito para diferenciar o Grande ABC", contou Maria. "Mas agora, todos os índices caminham bem próximos", acrescentou.

HISTÓRICO  

Nas décadas de 1970, 1980 e 1990, o País tinha graves problemas com os preços. A inflação era motivo de desespero, tanto para consumidores, quanto para governos. Preços variavam mais de 10% ao mês.

Em 1994, entrou em vigor o Plano Real, que controlou o conhecido dragão da inflação. De lá para cá, a movimentação das média dos preços, apresentada por indicadores como o IPCA, INPC, IPC-M, IPC-DI, IPC-Fipe e IPC-USCS caminhou bem próxima. Assim, o indicador da USCS perdeu força. "Percebemos em 2003 que o IPC estava se fazendo desnecessário. Mas é muito difícil abandonar um filho", disse a diretora do Inpes.

O primeiro ano do governo Lula ocorreu em 2003. E o IPCA atingiu até 17% acumulado em 12 meses, em maio, resposta às desconfianças do mercado ao governo. Mas de dezembro daquele ano em diante a variação dos preços neste recorte não ultrapassou os 9%, margem acompanhada pela maioria dos demais índices.

 "Ficou complicado. Nossa região tem grandes e importantes companhias que utilizam como referências os indicadores nacionais. As pequenas e médias empresa, que são maioria, atuam como satélites, seguindo a tendência das maiores", contextualizou Maria, como mais um ponto que tirou a força do IPC-USCS/ABC para se tornar referência na região.

 O diretor da unidade de São Caetano do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo, Willian Pesinato, concorda com o poder dos indicadores nacionais. "Para nós da indústria, não vale a pena acompanhar um índice regional. A maioria dos nossos acordos salariais e reajustes é decidida nacionalmente, com base de indicadores nacionais", explicou.

Por outro lado, o assessor da presidência da Associação Comercial e Industrial de Santo André, Nelson Tadeu, disse que o indicador fará falta. Para ele, o IPC-USCS/ABC complementava a base de dados para análises sobre o mercado do setor da região.




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