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'Mauá não aceitará candidatos carapetões', diz Donisete
Júnior Carvalho
Do Diário do Grande ABC
27/10/2015 | 07:00
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Celso Luiz/DGABC:


Como será ir para a reeleição com o PT desgastado?
Eu não vou chamar a população para se filiar ao PT. Quando você tem um processo eleitoral, seja ele em qualquer esfera, você não está chamando a população para se filiar a um partido politico, mas conclamando o povo para (escolher) uma proposta política. No último pleito eleitoral, no segundo turno, fui o escolhido. Sou o prefeito de todos, de quem votou no Donisete de quem votou em outra pessoa e de quem se absteve (de votar). Os prefeitos, os governadores e a presidente (da República) governam para todos, não apenas para um partido. Passou o processo eleitoral, o pensamento é esse. Eu vou chamar a população para mostrar o que fizemos e o que não fizemos. O povo não vota mais em partidos, mas em pessoas. Agora, também tem uma questão de que o eleitor de Mauá não vai aceitar candidato carapetão, podem ter certeza. Quem vier nesse sentimento vai perder muito.

O que o sr. considera candidato carapetão?
É aquele que assume programas e promete ações que não lhes pertence ou que não expressa a realidade da cidade. Carapetão é um sinônimo de mentira.

O sr. acha que o eleitor vai saber identificar o candidato que se apropriar de seus projetos?
Vai, porque eu discuti um programa de governo. O tema de transporte coletivo, por exemplo, desde 2013 iniciamos um processo, que foi fazer a licitação, a integração dos ônibus com os trens e para trocar a frota dos coletivos, que esse mês vamos consolidar. O passe (livre) escolar foi uma lei que foi colocada do novo governo. Então, eu me sinto feliz porque os candidatos que se apropriarem dessas bandeiras certamente estão concordando com a nossa gestão. Quando a gente faz uma parceria com o governo do Estado para a construção do Poupatempo, por exemplo, (levanta-se a) bandeira de quem é o pai ou a mãe (do projeto), mas conquista de uma obra como essa é do povo de Mauá. Agora, a Prefeitura destravou uma área que até então não tinha condições (de receber o equipamento), foi a Prefeitura, sob nosso governo, que pagou o projeto executivo de R$ 480 mil, que era uma exigência do governo estadual para fazer o Poupatempo. Então, fomos nós que viabilizamos concretamente o Poupatempo e ainda conseguimos demonstrar na prática a relação do governo municipal com o governo do Estado.

O sr. considera que os problemas no Transporte estão sendo equacionados?
Todo mundo falava: ‘o Donisete não vai conseguir mudar o sistema do transporte coletivo porque era um sistema arcaico’, e que a população criticava muito. Mas hoje as pessoas não falam mais em ônibus velho, estão pedindo mais qualidade, como eficiência, relação do motorista, pontualidade. O povo tem uma demanda que é por qualidade, não reivindica coisas pequenas. Portanto, isso para mim é uma avaliação positiva.

O sr. destaca outro projeto em parceria que teve participação direta da sua administração?
O Rodoanel, que era um compromisso da Prefeitura com o governo do Estado. Ali tem dinheiro da Prefeitura, a área é da Prefeitura e tem parte do governo do Estado também. Então, não vou estranhar se qualquer candidato, durante o processo eleitoral, falar sobre esses temas. Para mim, quanto mais esses candidatos falarem disso tudo, certamente estão valorizando o governo. Mas também temos outro paradoxo, que é a situação financeira da Prefeitura. O Orçamento da cidade não vai possibilitar que candidatos prometam ações que vão fugir do espectro financeiro. Concretamente, temos uma arrecadação de R$ 1,1 bilhão. Temos o Orçamento do Tesouro de R$ 550 milhões e os outros R$ 550 milhões são referentes a transferências dos governos estadual e federal. Não tem outro dinheiro, o que temos é isso.


Como está o impasse da PPP (Parceria Público-Privada) da Sama (Saneamento Básico do Município de Mauá)?
Para o cidadão, quando se fala da qualidade nós sabemos que o cidadão tem a clareza que qualquer investimento, seja uma obra pequena ou grande, depende do dinheiro da Prefeitura. E não dá para a administração assumir compromissos que não vamos conseguir resolver. Então, hoje estamos numa discussão adiantada com a Sabesp (de entregar a concessão dos serviços de abastecimento de água). Queremos chegar em equação que seja melhor do que a dívida que nós pactuamos. A Sabesp cobra o valor de uma dívida de R$ 1,7 bilhão e esse valor chega hoje a R$ 300 milhões quando questionado na Justiça. É perfeitamente possível transformar esse passivo em investimento. Ao mesmo tempo em que a Sabesp assume o saneamento na cidade, pode perfeitamente apresentar um plano de investimento para construir os reservatórios, trocar toda a parte de tubulação, que é muito antiga na cidade. Isso possibilitará resolvermos os problemas com vazamento, que registra 41% de perda. É essa lição de casa que estamos tentando fazer.

E como está essa negociação?
Na última conversa que tivemos com a Sabesp, ficaram de fechar os números. A nossa reivindicação junto à companhia foi de fecharmos a conta, zerar a dívida. Somente os precatórios (ficariam pendentes), que temos de pagar estamos pagando. Hoje, com o que a Sama recebe, não é suficiente para pagar a conta de água (o metro cúbico à Sabesp). A condição estrutural da autarquia não permite mais esse movimento. Para Sabesp e para a municipalidade, é muito ruim. Ou seja, ninguém quer ficar mais nessa situação. Então, avalio que esse entendimento está para acontecer, pelo menos da nossa parte. Vejo também uma vontade política por parte do Jerson Kelman (presidente da Sabesp).

Quanto vale a Sama hoje?
Por volta de R$ 450 milhões. Você tem uma fatura (de água) média de R$ 5 milhões por mês, e você tem uma receita de R$ 4,7 milhões, em média. Então, você não consegue (pagar a dívida com a Sabesp), não tem instrumentos hoje. As condições financeiras hoje do município não permitem que se faça isso. A Sama entrou em uma condição que inviabilizou a autarquia. Então, entendemos que a melhor condição seria a Sabesp assumir o serviço, transformar a Sama numa empresa nos mesmos moldes que é o Semasa. Podemos trabalhar a Sama para que pudesse fazer a parte de drenagem e limpeza pública. Daríamos um novo caráter para a autarquia. Nós íamos preservar a equipe técnica e enxugaríamos, inclusive, a parte administrativa da secretaria. A gente daria um patamar de eficiência.

Uma das suas promessas foi entregar cinco CEUs (Centros Educacionais Unificados)...
Eu valorizei muito o nosso programa de governo e nós havíamos nos comprometido a fazer cinco CEUs. Eu asseguro hoje que cumprimos 70% do plano. Certamente não vou conseguir cumprir 100%. Temos um problema econômico e outro de falta de território. Nossa cidade dispõe de pouquíssimas áreas públicas. Entregamos o CEU das Artes, que virou referência e é o primeiro CEU (deste gênero) do Grande ABC. Estamos fazendo o segundo CEU. Então, concretamente, hoje entregaremos dois e estamos trabalhando uma terceira possibilidade, que é receber de volta uma área do Jardim Zaíra.

Como está a escolha da vice?
Há um sentimento por boa parte das lideranças de Mauá que o PT pode abrir a vice para aliados. O meu pensamento hoje em especial é que nós temos que abrir a vice. Agora, eu quero fazer um debate, ouvir as lideranças do partido na cidade para que a gente possa concretizar. Mas nós temos uma situação delicada que é a janela (partidária). Isso termina deixando qualquer projeção de composição muito fragilizada, não dá para afirmar categoricamente que os partidos que hoje estamos conversando poderão indicar vice.

Acha que as saídas do ex-vice-prefeito Márcio Chaves e do vereador Rogério Santana do PT tirarão votos fiéis à legenda?
Se eles vão extrair (votos do PT), não tinha sentido mudar de partido. Vão ter de criar a narrativa. Acho legítimo tomarem decisões partidárias. O Márcio é meu amigo, fui assessor dele como vereador. Agora, ele retoma e quer restabelecer a carreira política. O Rogério, para mim, é uma figura importante, é vereador de quatro mandatos, recentemente esteve no governo e tomou uma decisão de querer medir o tamanho dele eleitoralmente. A gente tem de respeitar.  




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