A oposição de São Bernardo vai ingressar hoje com representação no TCE (Tribunal de Contas do Estado) em que requer apuração do rombo de R$ 1,2 bilhão nos cofres públicos gerado neste ano pelo governo do prefeito Luiz Marinho (PT). Reportagem do Diário no domingo revelou que a administração petista já contabiliza deficit orçamentário no balanço financeiro. A previsão de arrecadação está estimada em R$ 3,6 bilhões, sendo que a despesa alcançou a casa de R$ 4,8 bilhões. O balancete foi publicado pelo Paço no Diário Oficial em 25 de setembro.

Um dos articuladores da bancada oposicionista no Legislativo, Pery Cartola (SD) é o autor da ação. O parlamentar detalhou que documento será direcionado especificamente à presidente do tribunal, Cristiana de Castro Moraes, e objetiva pedido de vistas aos números apresentados pela equipe de Marinho. “Na justificativa pedimos que a Corte faça acompanhamento dessa defasagem para evitar que tenhamos pedalada fiscal na cidade. Adicionamos ainda vistas à superestima que o prefeito lidou com o Orçamento”, assegurou.

O balanço negativo apresentado pelo Paço pode ser alterado até o encerramento do ano. A variação, porém, será pouco significativa, uma vez que as principais arrecadações são computadas no primeiro quadrimestre do ano, com IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano), cota do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) e ISS (Imposto Sobre Serviços). No total, dois terços de todo tributo projetado já entraram na conta.

“A busca pelo TCE neste assunto é determinante para evitar que a cidade se comprometa em relação ao seu futuro. O deficit causado pode ter proporções irreparáveis aos futuros gestores”, disse o oposicionista.

REPERCUSSÃO
Pré-candidato a prefeito pelo PSDB, o deputado estadual Orlando Morando teceu duras críticas ao rival político, considerando que os números negativos apresentados pela gestão são mostra de “desmando” e “descontrole” ao desferir ataques de maneira irônica. “O prefeito Marinho conseguiu o inédito. Deteriorar a qualidade dos serviços públicos, alcançando um deficit jamais visto na cidade. Esse resultado é um verdadeiro caos, que provavelmente comprometerá o pagamento de despesas com os fornecedores”, pontuou.

Ainda em linha crítica, Morando enfatizou que “dificilmente” acredita que o chefe do Executivo conseguirá honrar o reajuste salarial ao funcionalismo no ano que vem, diante dos números. Em maio, a categoria iniciou greve, que durou 22 dias, encerrada após Marinho se comprometer em acrescer os vencimentos com índices somados de 2015 e 2016. Pela estimativa vigente, a alta pode ser de 18%.

“Com esse aumento de despesas correntes é improvável pensar que o Paço conseguirá cumprir com o prometido aos funcionários, que seguem cada vez mais maltratados por esse governo. Esse modelo de gestão do PT, praticado em Brasília, chegou em São Bernardo. É uma fraude fiscal”, observou.