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Elton John é um excêntrico de berço
Por Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
27/06/2011 | 07:00
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Reprodução


Reginald Kenneth Dwight, o Reg, tinha nata vocação para a música. Já criança, aos 4 anos, conseguia reproduzir ao piano, apenas de ouvido, complexas melodias. Nesta época, a mãe o colocava para dormir durante o dia e à noite o acordava, para que ele animasse festas da família.

Era evidente, como demonstrado posteriormente, a partir das aulas de piano, que a criança tinha algo que não era muito normal, algo que o tempo - e o gosto pelo pop e rock norte-americano - foi moldando.

Gordinho, ainda jovem e já com provas de que não sustentaria os cabelos por muito tempo, de rosto sem apelo de beleza, o rapaz tinha em sua conta o desejo de fazer música. A profusão criativa e musical dos anos 1960 aliada à vontade de Reg em transpor para as teclas de seu piano algo que soasse mais palatável que os clássicos eruditos, foram responsáveis pela criação do mito que é detentor dos maiores recordes da música pop no mundo, numa transação que matou Reg e fez surgir Elton John, como conta o livro "Elton John - A Biografia" (Companhia Editora Nacional, 379 pág., R$ 40), do jornalista David Buckley.

Sem depoimentos do astro, Buckley resgata, através de entrevistas com pessoas que acompanharam a carreira de Elton a seu lado, e de depoimentos do próprio cantor para outras mídias, a história de antes, durante e depois da trajetória do clássico artista de hits como "Your Song", "Yellow Brick Road" e "Candle in the Wind".

Desde os duros anos de Bluesology, banda da qual Elton fez parte dos anos 1960 até a primeira aposta solo, quando um diretor musical resolveu que a interpretação de "Your Song" seria dele e não a entregaria a outros músicos, passando pelos loucos 1980, quando parecia que as drogas iam derrubá-lo, chegando aos dias atuais.

Divertido, excêntrico, Elton começou a chamar atenção pelas melodias que criava para as composições de mestres como Bernie Taupin e Gary Osborne, seus principais parceiros musicais. Depois, por transformar o ao vivo de suas baladas em shows que dão outra vida às suas canções, além dos figurinos exóticos e contestadores e do vozeirão, que quebravam toda a imagem do patinho feio que se via fora do palco.

DONO DOS ESTADOS UNIDOS

Uma das partes mais engraçadas do livro é a que conta a ida de Elton aos Estados Unidos. Até hoje, para um artista chegar com força ao mercado norte-americano, vai-se um longo período de especulações, negociações e medo de retumbante fracasso. Com o britânico não foi diferente. Vendido a preço de banana, sua chegada ao país foi uma apoteose.

Habituado a sonhar com o "american way of life" desde a infância, o cantor estava, no desembarque, à espera de limusine, champanhe e o início de uma estrada de sonhos daqueles que traduzem apenas o lado mais belo de Hollywood. Pelo contrário, um ônibus de dois andares, daqueles típicos ingleses, esperava Elton e seu principal parceiro da época, o letrista Bernie Taupin, com faixa escrita "Elton John chegou". Do lado de dentro, os companheiros musicais tentavam se esconder. Fora do ônibus, todos se perguntavam se aquela era a propaganda de um novo tipo de toalete.

Era o começo de uma trajetória que estava prevista para tornar-se um espalhafatoso evento pelo mundo todo, história da qual praticamente todo o mundo conhece um episódio ou uma canção.




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