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Conferências de Belém a Caxias do Sul
Por Carlos Ferrari
27/07/2015 | 07:00
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Assistência Social é um desafio histórico das sociedades em desenvolvimento, da democracia moderna que vê nos provimentos dos segmentos mais vulnerabilizados mais um de seus pilares de validação e legitimidade. Nenhuma sociedade próspera socialmente escapou de tratar seriamente e com regulação geral, do que é necessário republicanamente, disponibilizar a qualquer cidadão, quando este precisar subsistir e recomeçar, ou quando se encontrar no seu caminho de vida uma adversidade própria de nossa espécie humana, demasiada humana.

Nosso país hoje vive a ebulição de consolidar sua Política de Assistência Social com os parâmetros do direito como principio, a participação popular como estratégia e a ousadia avassaladora de uma doutrina que transforma o conceito o método e a razão de fazer Assistência. De Norte a Sul do Brasil estamos em tempos de conferências.

Conferência é um nome antigo, uma ideia cheia de ranço acadêmico e perfume de evento naftalina. Tem uma carga de coisa chata, demorada com uma forte tendência a inutilidade. Com o advento da democracia e a necessidade do controle pela sociedade das políticas públicas, repaginamos o modelo, reinventamos a moda da conferência pela ótica do verbo contar, contabilizar, conferir como está para ficar melhor.

A esse aspecto aritmético do recém nascido arquétipo de conferência acrescentamos a massa qualitativa. Daqui para frente, conferência tem recheio de direito, de apontar caminhos para melhorias sem limite, para a previsão de fatos novos e criativos para povoar o cotidiano das cidades e suas particularidades. Conferência agora é exigência coletiva de recursos de toda monta.

Conferência é uma espécie de colheita e a messe é grande a ceifar. E a semear de novo, avançar no tempo, arar o terreno para novas e imprescindíveis colheitas. Cambiar semeaduras, separar a erva daninha do broto que faz florescer a vida e promove o ser humano.

Estivemos em Belém do Pará e falamos de conferência. Assim também foi em Goiânia, Sorocaba e agora em Caxias do Sul. Nada mais humanista, gentilíssimo, ontológico, garantista, coletivo. Tratamos com diversas pessoas diferentes, com seus sotaques, vestuários, clima e temperaturas nosso alinhamento do processo conferencial a ser cumprido. Afiançar nosso parlamento conferente quadrienal dos direitos próprios da Assistência Social como espaço de afirmação de seus usuários, trabalhadores e entidades socioassistenciais.

Enfim, nos preparamos para contribuir com a sociedade brasileira naquilo que ela nos cobra na área social. Essa onda por direitos não tem mais como retroceder de todo. O contingente de pessoas envolvidas nessa missão é poderoso e irreversível.

Só nos resta construir em um tempo próximo, de conferência em conferência, o desenho de sociedade onde o calor de Belém e o frio de Caxias do Sul seja só uma boa razão para fazer turismo e não objeto de preocupação majoritária com aqueles que não conseguem, hoje, enfrentá-los como algo somente a ser usufruído. Uma coletividade com mínimos sociais mais elevados.

Carlos Ferrari é presidente da Avape (Associação para Valorização de Pessoas com Deficiência), faz parte da diretoria executiva da ONCB (Organização Nacional de Cegos do Brasil) e é atual integrante do CNS (Conselho Nacional de Saúde). 




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