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Polícia Militar amplia
treinamento de recrutas
Evandro De Marco
21/02/2011 | 07:18
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Com dez meses de existência e formando sua terceira turma, a Escola de Soldados da PM (Polícia Militar) do Grande ABC ampliou sua capacidade de 140 para 260 alunos por turma graças a uma parceria com a Prefeitura de Santo André.

Na sexta-feira, os candidatos a novos policiais passaram por rigoroso teste com treinamento prático no CTT (Centro de Treinamento Tático), na empresa CBC (Companhia Brasileira de Cartuchos), em Ribeirão Pires.

Por cerca de 12 horas, os recrutas foram submetidos a situações baseadas em acontecimentos reais do cotidiano da profissão que deverão começar a exercer efetivamente a partir de abril. Para dramatizar as ocorrências foram utilizados 160 figurantes, todos policiais militares experientes e que já estiveram, muitas vezes, atuando nas situações em que agora são vítimas.

Um dos módulos que mais exigiu a capacidade física e de união entre os soldados foi a contensão de presídio rebelado. Ao som de bombas de efeito moral lançadas em meio a um descampado, os policiais se lançavam contra uma pequena multidão de detentos armados com pedaços de pau e pedras. A escuridão da noite, barris em chamas e faixas com inscrição de facções criminosas emprestavam ao cenário uma dramaticidade extra e dificultavam a eficiência dos novos militares.

Outros módulos de treinamento foram ocorrências de briga entre casal, pessoa armada em salão de forró, explosão de botijão de gás, abordagem em veículo com armas escondidas e refém em ônibus, situação baseada na ocorrência da linha 174, no Rio de Janeiro, quando uma professora foi morta acidentalmente por um PM e, depois, o criminoso foi assassinado pelos agentes.

Para realçar a realidade, policiais que trabalham na central da PM enviam mensagem solicitando atendimento para a ocorrência no ônibus. As viaturas chegaram ao veículo que abriga cerca de 30 figurantes com as mais variadas reações à abordagem dos recrutas. "As pessoas estão em pânico. Isso leva nossa adrenalina a mil", confessou Clemildo de Oliveira Silva, 23 anos.

Daniel Doro classificou a quantidade de pessoas envolvidas na ocorrência como o grande desafio a ser vencido no exercício. "A desproporção de pessoas que estão no ônibus com o nosso efetivo complica a situação. A gente tem que estar sempre preparado para o pior quando chega a uma ocorrência", completou Cleiton Tigre da Silva, 23.

"Aqui é uma prova e, depois, quando eles se formarem, todo dia vai ser dia de prova. Temos que associar o estresse físico com o psíquico. Nosso dia a dia é assim", argumentou o tenente Alexandre Salomão, um dos instrutores das atividades.

O coordenador da Escola de Soldados da PM na região, tenente Everaldo Zuliani, destacou a importância da parceria com a Prefeitura de Santo André para oferecer mais vagas para treinamento de policiais em um método que é exclusivo e está sendo cogitado para se propagar para o Estado.

"Conseguimos liberação de mais salas e estamos usando nossa capacidade máxima." A Escola de Soldados funciona dentro da Escola Municipal Odilo Costa, na Vila Guiomar.

A parceria com a Prefeitura também foi destacada pelo comandante geral da PM na região, o coronel José Luiz Martins Navarro. "Formamos 280 policiais militares no ano passado, em duas turmas. Agora, estamos formando 260 em apenas uma, e a tendência é ampliar ainda mais", disse Navarro, que acompanhou o treinamento dos recrutas.

 

 

A procura por estabilidade de quem passa por um concurso público não é apontado pelos novos soldados da Polícia Militar como o principal motivo para entrar na corporação. A vocação e identidade com o serviço seriam as alavancas para a tomada de decisão.

A própria PM não tem levantamento preciso, mas muitos dos 260 recrutas que se formam no mês vieram de empresas de segurança patrimonial. Este é o caso de Daniel Elvis da Rocha, 30 anos, que procura na nova atividade a condição de ampliar sua área de atendimento à população. "Quero poder ajudar as pessoas."

Outro que deixou o segmento de segurança privada e partiu para a PM foi o diademense Cleiton Izidro, 28. Ele admite que esse é apenas um começo na corporação, mas a pretensão é fazer carreira. "Quero um dia chegar a oficial. Mas estou chegando agora e tenho muito a aprender."

Já Fábio Sanches Martinelli, 30, diz que se espelhou na família. Parentes que se aposentaram como soldado, cabo e sub-tenente o inspiraram durante a infância e adolescência. "Desde pequeno, sempre quis ser militar", disse o recruta, logo depois de ter encontrado duas armas escondidas em um carro durante um dos módulos de treinamento.

 

 

Realidade coloca treinamento à prova

 

Em pelo menos duas oportunidades, recrutas em formação pela Escola de Soldados da Polícia Militar da região se depararam com situações reais e tiveram de agir. Durante treinamento na mata de Paranapiacaba, em setembro, um grupo de novos soldados deteve dois suspeitos. Quando efetuada checagem dos documentos, constatou-se que ambos eram procurados pela Justiça.

Dias depois de passarem por capacitação semelhante à do fim de semana, os recrutas da turma anterior participavam do esquema de segurança da Volta Ciclística Internacional do Grande ABC, quando, em Diadema, a explosão de um botijão de gás em uma barraca de pastéis causou princípio de pânico. Mas, os novatos da Polícia Militar conseguiram contornar a situação rapidamente.

"Retiraram o botijão do foco da chama, já que ele estava perto do local onde os pastéis eram fritos, e fecharam a válvula que havia se rompido", explicou o tenente Everaldo Zuliani, coordenador da Escola de Soldados.




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