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Opções ecologicamente sustentáveis pesam no bolso do consumidor
Karla Machado
Do Diário OnLine
24/09/2008 | 07:01
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Na era do consumo responsável, os produtos ecologicamente sustentáveis estão ganhando espaço nas prateleiras dos supermercados. Entre as opções, há alimentos orgânicos, detergentes biodegradáveis, xampus com conceito ecológico e madeira certificada. Mas quem já tentou ser um consumidor 'ecologicamente correto' sabe que fazer essa opção sempre pode custar muito caro.

Além da ausência de agrotóxicos e embalagem especial, o modo de produção dos produtos orgânicos é o que os tornam mais 'salgados'. Durante a fabricação de tais alimentos, o sistema agrícola é planejado para manejar o solo e os recursos naturais de forma a preservar a água, as plantas, animais e insetos. Todo esse processo influencia o preço. E como a escala de produção dos produtos verdes costuma ser reduzida (a demanda e a produção são menores), os valores são expressivamente mais altos.

A versão orgânica da alface, por exemplo, pode sair por R$ 3,79 (250 gr), contra R$ 1,19 (1,3 kg) do pé convencional. Um saco de 500 gr de café em grãos pode ser comprado por R$ 2,79, enquanto a versão ecologicamente correta, com conteúdo reduzido pela metade (250 gr), sai por R$ 7,19. "Essa (o preço) é uma das barreiras para o crescimento dos sustentáveis no País", afirma a pesquisadora do CES (Centro de Estudos em Sustentabilidade) da Fundação Getúlio Vargas, Luciana Betiol.

Para ela, porém, antes de afirmar que os sustentáveis pesam mais no bolso, é preciso colocar na ponta do lápis os benefícios trazidos em longo prazo. "Uma lâmpada florescente com selo Procel de energia é mais cara no curto prazo, mas a durabilidade do produto é muito maior, sem contar que o consumidor vai economizar com energia elétrica", exemplifica.

A consultora financeira, pesquisadora sobre economia sustentável e autora do livro 'A Dieta do Bolso' (ed. Campus/Elsevier), Eliana Bussinger, compartilha a mesma opinião. Segundo ela, embora consumam produtos mais caros, as pessoas engajadas na questão ambiental são mais conscientes e não aceitam desperdícios. "Quem consome esse tipo de produto é mais cuidadoso, não deixa a comida estragar na geladeira", observa. "Se você gasta de R$ 10 a R$ 20 a mais, mas elimina o desperdício na sua casa, você ganhou", atesta.

Dia-a-dia - Especialistas garantem que, na medida do possível, todos podem dar passos em direção à sustentabilidade. Enquanto a conta bancária não permite ter um carrinho de supermercado totalmente verde, pequenas trocas podem contribuir para um futuro melhor, além de aliviar a consciência.

A primeira mudança rumo ao ecologicamente correto deve ser comportamental. "Você efetivamente precisa abandonar o supérfluo", orienta Luciana Betiol. "Se não houver uma mudança de comportamento, você acaba não mudando a questão do desperdício", complementa a consultora financeira Eliana Bussinger.

Após riscar os supérfluos da lista, é hora de acrescentar os alimentos verdes. "Uma dica que eu dou é a seguinte: procure começar com os alimentos que você usa mais, como a alface. Se você consome um alimento muito raramente, como alcachofra, por exemplo, não vai fazer muita diferença", ensina Eliana.

Por conta dos preços elevados, a psicóloga Kátia Takatsuka, 32 anos, ainda não é totalmente adepta dos verdes, mas consegue comprar alguns itens. "Na escola onde minha filha estuda tem uma banquinha de produtos orgânicos. Quando eu vou buscá-la, vejo o que está faltando em casa e compro", relata. Para ela, o fato de saber que o alimento é orgânico já remete a uma sensação prazerosa. "Não sei se é psicológico, mas só de saber que é orgânico você sente que está comendo um produto melhor", diz.




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