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Passageiro de
Diadema sofre
com lotação

Ônibus municipais saem das estações com excesso de pessoas, mesmo fora de horários de pico

Fábio Munhoz
Do Diário do Grande ABC
19/05/2013 | 07:00
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Tiago Silva/DGABC


A superlotação é o principal problema dos ônibus municipais de Diadema. Mesmo fora dos horários de pico, é comum ver os coletivos deixando os terminais da cidade com excesso de passageiros. Cerca de 83 mil pessoas utilizam o sistema diariamente. A tarifa, em vigor desde dezembro, é de R$ 3,20.

Durante a semana, a equipe do Diário testou diversos itinerários, operados pelas empresas Benfica e Mobibrasil. Na linha 11 EP (Vila Paulina/Terminal Piraporinha), o coletivo iniciou viagem em direção à região Sul da cidade às 15h13. O veículo, de tamanho convencional e com três portas, já estava lotado, com grande quantidade de pessoas em pé. Na plataforma, usuários faziam fila para aguardar a próxima partida, com objetivo de conseguirem lugar para sentar.

Na terça-feira, usuários da linha 33 ED, que liga os terminais Eldorado e Diadema, faziam viagem negativa durante aproximação ao ponto final, localizado na região central. Ou seja, o passageiro que vai para o Eldorado, ao invés de embarcar no sentido correto, entra no ônibus em direção ao Centro. Dessa forma, o coletivo está vazio e é possível viajar com mais conforto. No terminal, não há obrigatoriedade de desembarque. "Isso é muito comum. Se pegar do lado certo, é impossível ir sentado", reconhece a auxiliar de escritório Claudenir Araújo, 22 anos.

O aperto é ainda pior nas linhas atendidas por micro-ônibus, caso da 16P, que vai para o Jardim Gazuza. "Todos os dias é assim. Tinham de colocar mais ônibus nas ruas. Desse modo, diminuiriam a demora, que é outro problema comum", sugere a metalúrgica Juraci Alves de Souza, 35.

Apesar do desconforto, o ônibus da Mobibrasil apresentava boas condições. Essa observação é feita na grande maioria dos ônibus que circula na cidade, já que a frota zero-quilômetro foi adquirida em 2011. Entre os passageiros da linha 11 EP havia uma cadeirante, que ficou bem acomodada. Ao dar sinal, o motorista desceu do carro para auxiliá-la no desembarque.

Mesmo com as críticas, os usuários reconhecem melhorias desde 2011, quando as empresas ETCD e Imigrantes deram lugar a Benfica e Mobibrasil, respectivamente. "Pelo menos não temos mais que nos preocupar com ônibus quebrados e riscos de acidentes", pondera a assistente administrativa Graça Santos, 45.

Em geral, o transporte é bem estruturado na cidade. Todas as linhas partem de um dos três terminais da cidade. Nas estações Diadema e Piraporinha, ambas administradas pela EMTU (Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos), é possível fazer integrações gratuitas para outros ônibus municipais e para o Corredor ABD (Brooklin/Jabaquara/São Mateus). Nas ruas, a transferência pode ser feita em até 50 minutos por meio do Cartão SOU (Sistema de Ônibus Urbano de Diadema).

A baldeação para o trólebus, no entanto, está com os dias contados. Em 2011, a EMTU sinalizou intenção de acabar com o convênio que mantinha a gratuidade desde a década de 1990. O Estado chegou a marcar data para o início da cobrança, mas recuou após decisões judiciais. Em julho do ano passado, o STJ (Superior Tribunal de Justiça) derrubou liminar do Ministério Público que obrigava a manutenção do convênio.

Na semana passada, a EMTU informou que ainda não tem previsão do início da cobrança na cidade. O secretário municipal de Transportes, David Schmidt, diz que deverá fechar acordo com o Estado nas próximas semanas. A Prefeitura cogita, inclusive, subsidiar a diferença para isentar o usuário da cobrança.

Pesquisa de origem e destino irá definir mudanças necessárias

Técnicos da Prefeitura de Diadema deverão concluir nesta semana a pesquisa de origem e destino das linhas municipais. O trabalho irá apontar problemas e ajudar a Secretaria de Transportes a implantar melhorias.

"A pesquisa irá nos mostrar as linhas com maior demanda e as que apresentam alguma ociosidade. Com base nisso, podemos trocar o número de veículos em cada uma", diz o titular da Pasta, David Schmidt. Outra modificação possível é a criação de novos itinerários, além de alteração em trajetos já existentes.

O secretário antecipa que uma das possibilidades é a criação de linhas entre bairros, sem passagem por um dos três terminais. Atualmente, as estações fazem parte de todos os traçados.

A princípio, diz Schmidt, não está previsto aumento de frota. "No entanto, já alertamos as empresas para que se preparem caso seja preciso comprar mais ônibus."

O diretor-executivo da Mobibrasil, Manoel Marinho de Barros Filho, informa que acompanha diariamente a quantidade de pessoas que embarca nos ônibus da empresa. "Na medida em que detectamos lotação nos carros ajustamos a oferta junto à Prefeitura. Isso é contínuo para que a lotação não seja desconfortável para o usuário", garante. Segundo o diretor, a companhia trabalha com o padrão mínimo de conforto reconhecido internacionalmente, de seis passageiros por metro quadrado. Marinho afirma ainda que só pode alterar o número de veículos nas ruas se receber autorização do município. "É tudo feito em conjunto com o poder público."

Representantes da Benfica foram procurados pelo Diário, mas não se manifestaram até o fechamento desta edição.

Terminal Eldorado está abandonado

Construído em 2001, o terminal do bairro Eldorado está abandonado pela Prefeitura. Não há cobertura nas passarelas, e a maioria dos bancos foi retirada. A sinalização - vertical e horizontal - é ruim, provocando risco de atropelamentos. Asfalto e calçadas apresentam buracos. A sala de descanso dos funcionários de uma das empresas operadoras é improvisada em um contêiner. À noite, a iluminação é ruim. Cerca de 4.000 pessoas passam por lá diariamente.

O local é alvo de briga da Prefeitura com o Ministério Público. Em 2002, a Viação Imigrantes e a Promotoria assinaram TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) em conjunto com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente para "sanar a irregularidade com vista ao licenciamento ambiental". Uma das soluções encontradas era a construção de praça no local, que fica em área de manancial.

O secretário municipal de Transportes, David Schmidt, diz que o espaço deve mesmo ser transformado em praça, com redução no número de plataformas. Dessa maneira, os ônibus deixariam de usar o local como ponto final.

Para substituição definitiva, será usada a futura rodoviária que a Prefeitura pretende construir na região Sul. Segundo Schmidt, a administração deverá iniciar os trâmites legais para contratação de empresa no próximo semestre.




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