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Mais um fazendeiro branco é morto no Zimbábue
Do Diário do Grande ABC
08/05/2000 | 10:44
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Mais um fazendeiro branco morreu nesta segunda-feira no hospital após ser vítima de espancamento no domingo, em sua propriedade na parte sul de Harare, possivelmente por veteranos negros da guerra de independência do Zimbábue.

A morte de Alan Dunn, 46 anos, conhecido por seu apoio à oposiçao, é o primeiro fazendeiro branco a ser atacado nas duas últimas semanas e o terceiro a morrer desde que os vetereanos da guerra dos anos 70 começaram a invadir fazendas, alegando que elas foram tomadas do país pelos colonizadores ingleses.

Alan Dunn foi espancado violentamente no domingo por ex-combatentes negros que ocupavam sua fazenda. Depois de sofrer uma fratura de crânio e dos dois braços, morreu em um hospital de Harare durante a noite.

``Sabíamos que outro fazendeiro ia ser assassinado, era só uma questao de tempo', declarou o presidente do CFU para a regiao de Matabeleland (Sudoeste), Mac Crawford. ``A ZANU-PF se deu conta de que a única forma de ganhar as eleiçoes é continuando com as intimidaçoes, as agressoes e os assassinatos', afirmou Coltart.

Como forma de represália, fazendeiros brancos também espancaram dois negros segundo informaçoes da agência Reuters.

Um representante dos fazendeiros brancos em Zimbábue apelou, nesta segunda-feira, à comunidade internacional para que reaja, em conseqüência do assassinato, a pancadas, do fazendeiro.

``Já é hora da comunidade internacional reagir contra Mugabe', declarou David Coltart, membro do CFU e dirigente jurídico do principal partido da oposiçao, o Movimento pela Mudança Democrática (MMD). ``Tanto negros como brancos sao agredidos e assassinados em Zimbábue', adiantou, após fazer um balanço de 17 pessoas mortas desde o começo da crise.

O sindicato dos fazendeiros brancos (CFU), que acusa o presidente Robert Mugabe de fazer uma campanha de terror contra seus membros e contra a oposiçao, anunciou a convocaçao de uma reuniao de emergência de seu comitê executivo.

A maioria das vítimas sao negros, membros do MMD, que conta com um forte apoio e ameaça a permanência no poder do partido presidencial, a ZANU-PF.

Enquanto isso, continua sem ser marcada a data para a realizaçao das eleiçoes legislativas em Zimbábue, onde a ZANU está no poder há vinte anos. ``O que está havendo em Zimbábue é uma campanha de violência orquestrada', prosseguiu Coltart, que responsabiliza o presidente Mugabe por incentivar essa violência.

A onda de ocupaçoes de fazendas de brancos - umas 1.200 já foram afetadas - surgiu depois da derrota do presidente Mugabe no referendo de fevereiro, que previa a expropriaçao das terras sem indenizaçao.

A vitória do ``nao' levou a oposiçao a acreditar na possibilidade de uma nova derrota de Mugabe nas legislativas. O presidente zimbabuano fez da reforma agrária seu cavalo de batalha para a campanha eleitoral.




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