A instalação de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar os contratos de recolhimento de lixo na administração Marta Suplicy (PT), em São Paulo, só deve ser aprovada no segundo semestre, já que as cinco CPIs em andamento na Câmara tendem a ser prorrogadas por, pelo menos, 70 dias. Os trabalhos, previstos inicialmente para terminarem este mês, devem durar até agosto. Na avaliação da oposição, trata-se de uma tática do governo para adiar a investigação sobre os contratos emergenciais firmados por Marta no início do ano.

O Regimento Interno da Câmara e a Lei Orgânica do Município impedem que haja mais de cinco comissões. Desde que elas foram instaladas, em fevereiro, os governistas estão sendo acusados de obstruir a CPI do lixo. “É uma manobra clara do governo de impedir a CPI do Lixo”, disse o vereador Roberto Tripoli (PSDB). Para o parlamentar, pelo menos duas comissões poderiam encerrar seus trabalhos no prazo e abrir espaço para investigar o lixo.

O líder do governo, José Mentor (PT), nega interferência política nas CPIs. “É uma questão parlamentar e o PT vai defender que a próxima CPI seja a do lixo.” Nos bastidores, porém, governistas admitem que a gestão deve ser beneficiada com o adiamento da comissão. Um influente vereador ligado à prefeita lembrou que a instalação ou não de uma CPI divide o próprio governo. “Com as prorrogações, ganha-se tempo para as negociações políticas.”