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Todos entram com algum objetivo, acredita analista
Leandro Laranjeira e Sérgio Vieira
Do Diário do Grande ABC
03/07/2006 | 07:51
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A grande quantidade de ilustres desconhecidos que tenta entrar na vida pública, mesmo sabendo das remotas chances de se eleger, não o faz simplesmente por querer aparecer. Na avaliação de Francisco Fonseca, cientista político da FGV (Fundação Getúlio Vargas) de São Paulo, quem concorre a um cargo público realmente tem a pretensão de vencer a eleição.

“Como são muitos candidatos, fica difícil dizer em poucas palavras tudo o que move alguém a se candidatar. Mas acho pouco provável que alguém entre em uma campanha sem algum ideal ou compromisso”, acredita Fonseca. Para ele, uma campanha sempre está atrelada a altos custos e à disponibilidade de tempo. “Mesmo para quem não tem dinheiro, é preciso fazer o famoso santinho. Além disso, necessita de participações em eventos, debates, manifestações. São coisas que tomam o tempo”, ressalta.

O cientista político não gosta da comparação entre uma campanha e uma corrida como a São Silvestre, onde há muitos participam, mas poucos – quase sempre os mesmos – vencem. “É diferente. Na corrida, a pessoa participa porque acha legal, se preparou e quer só participar. Na política, entram com objetivos, como o fato de tornar-se possivelmente um representante do povo, por exemplo”, acredita.

Fonseca lembra que por mais utópica ou inviável que possa parecer uma candidatura, ela sempre contribuirá de alguma forma com o partido político do qual faz parte. “É claro que existem legendas de aluguel. Mas, ao aceitar a candidatura desse ou daquele candidato, os partidos pensam na viabilidade de angariar votos que poderão compor o todo da sigla. O cálculo é muito mais político do que de qualquer outra ordem”, ressalta.

Ele não compartilha da avaliação de que são sempre os mesmos que vencem as eleições. “É em parte verdade. O índice de renovação no Congresso gira entre 40% a 50% a cada legislatura. É um número altíssimo, ainda que muitos deputados voltem depois de alguns anos”, afirma. E Fonseca vai além. Para ele, a partir da próxima eleição ficará ainda mais difícil se eleger por conta das mudanças na legislação eleitoral.

O analista cita dois principais fatores que incentivam os candidatos desconhecidos a concorrer em uma eleição. “A possibilidade de se eleger por conta de um candidato que tenha muitos votos no mesmo partido e acaba puxando os outros nomes, e as absurdas alianças entre pequenas e grande legendas, em que a pessoa pode se beneficiar por conta da proporcionalidade de votos, mesmo com uma votação inexpressiva”, avalia.




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