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Desejos fora de época
Mariana Trigo
Da TV Press
19/01/2008 | 07:04
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Novela de época não condiz com figurinos ousados, como maiôs provocantes e lingeries decotadas. Não combinava até o momento em que a Globo começou a se assustar com a deficiente audiência de Desejo Proibido. Na trama das seis, que está cambaleando com 21 pontos de média e 42% de participação, são cada vez mais comuns as tomadas de belas mulheres exibindo corpos curvilíneos. Grazi Massafera, com sua pseudo-recatada Florinda, e Letícia Birkheuer, que vive a diabólica enfermeira Raquel, cada vez mais aparecem em trajes sumários e sensuais.

Enquanto a casamenteira vivida por Grazi mostrava suas curvas de Miss numa cachoeira, aos beijos com o jornalista Ciro, de Rodrigo Lombardi – com um maiô bem mais provocante que os usados na época da trama –, a maquiavélica interpretada pela top model Letícia se atirou no pescoço do Coronel Chico, de José de Abreu.

A enfermeira ostentava uma insinuante lingerie de cetim prata. Mesmo sem apelação e dentro do contexto da história, as cenas ficam ligeiramente forçadas quando inseridas em uma trama que teria tudo para se sustentar apenas pela boa qualidade do texto de Walther Negrão.

Com um elenco de peso e grandes composições de personagens – como o impagável Padre Inácio de Marcos Caruso ou a divertida Magnólia de Nívea Maria –, o folhetim conta com um dos melhores elencos da Globo no horário.

Afinal, muitas vezes esta faixa é encabeçada por atores pouco consistentes. Mesmo assim, a emissora já avisou que vai reduzir a história em 30 capítulos e assegura que nunca mais estréia novela das seis em horário de verão.

Além de irretocáveis atuações cômicas, como a de Luiz Carlos Tourinho, como o pândego caipira Nezinho, ou mesmo Emílio Orciollo Neto, na pele do romântico Argemiro, a novela oferece uma caprichada produção de arte, com cenários e figurinos bem-acabados.

No meio de toda a composição de época, um detalhe atemporal chama a atenção na trama e oferece mais uma opção cômica. O divertido ‘caipirês’ da novela virou uma atração à parte e valoriza a composição de prosódia dos atores.

Acelerando os textos e cortando as últimas sílabas num inconfundível sotaque ‘miudinho’ mineiro, o elenco conta com esse recurso para dar ainda mais charme aos simpáticos personagens da fictícia Passaperto.

Em uma época de linguagens globalizadas, assistir à trama é voltar no tempo e se deliciar com o ritmo pausado e tranqüilo do Interior. Só falta sentir o cheiro do café com pão de queijo.



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