Política Titulo Imbróglio jurídico
Pasta de Educação descumpre Justiça sobre transporte escolar

Secretaria estadual mantém contrato com Benfica,
mas PEM possui liminar para atuar em três cidades

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
22/11/2015 | 07:00
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Montagem/DGABC


A Secretaria de Estado da Educação descumpre ordem judicial referente a lote do transporte escolar para três cidades do Grande ABC. Embora a PEM Transporte Municipal Urbano tenha conseguido, na Justiça, direito de atuar em parte de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, a Pasta comandada por Herman Voorwald mantém contrato emergencial com a Transportadora Turística Benfica, operadora do sistema há duas décadas.

O imbróglio teve início quando a FDE (Fundação para o Desenvolvimento da Educação) transferiu à Secretaria de Educação a responsabilidade de admissão de empresas que prestariam serviço de transporte escolar, no início do ano. Para não desabastecer os estudantes, Herman optou por contratar emergencialmente – há divisão por lotes e blocos da Região Metropolitana.

No caso do lote para Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, a PEM ofereceu melhor preço – R$ 4,2 milhões ao mês –, mas foi desclassificada por supostamente não apresentar atestado de mínimo de passageiros transportados. A Secretaria de Educação homologou a Benfica, que já prestava o serviço quando a licitação estava sob gestão da FDE e que ofertou somente a terceira melhor proposta. A PEM recorreu à Justiça, obteve liminar favorável no dia 27 de outubro e iniciaria a operação no dia 9 de novembro, em acordo emergencial de seis meses. Seriam fornecidos 407 veículos para atender 9.860 alunos.

Porém, três dias antes do começo da atuação, a companhia recebeu, à noite, e-mail do governo estadual indicando que, por falta de apresentação do Renavam dos veículos, o contrato emergencial estava cancelado. A PEM novamente acionou a Justiça e, no dia 18, o juiz Adriano Marcos Laroca, da 12ª Vara de Fazenda Pública de São Paulo, expediu nova liminar, exigindo que a empresa começasse a atuar imediatamente no lote indicado. Essa decisão não vem sendo cumprida pela Secretaria de Educação.

“Eles (Pasta de Educação) ignoraram completamente. Receberam a notificação e, mesmo assim, é a Benfica que continua rodando. O que é um absurdo”, afirmou Dário Domingos de Azevedo, advogado da PEM. “Temos informações que indicam que a Benfica trabalha com valor 30% maior que o nosso”, adicionou.

Por nota, a Secretaria do Estado da Educação informou que ainda não foi notificada oficialmente da decisão. Porém, após a liminar expedida, a gestão estadual tentou derrubar a decisão, o que demonstra ter ciência do caso.

HISTÓRICO
A Benfica mantém contrato com o governo do Estado há 22 anos, mas sua atuação é constantemente contestada. Em 2012, por determinação judicial, o acordo com a Benfica foi cancelado para transporte escolar na região do Alto Tietê. À ocasião, a Justiça determinou que a Bonauto Locação de Veículos operasse em cidades como Mogi das Cruzes, alegando que, na licitação para a área, a firma ofereceu todos critérios mais vantajosos ao Estado.

Com a mudança de contratante – da FDE para a Secretaria de Estado da Educação –, a Benfica já ficou com dois lotes. A PEM acusa o governo estadual de sequer fazer cotação para esses acordos emergenciais, admitindo a antiga prestadora de serviços diretamente.

A Benfica é a mesma que opera 40% das linhas de transporte público de Diadema. A empresa venceu licitação em 2011, por R$ 15,8 milhões e terá a concessão durante 15 anos.




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