Economia Titulo Aposentadorias
Ministro vai sugerir veto a reajuste
06/05/2010 | 07:00
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O ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, disse que vai recomendar ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva o veto ao reajuste de 7,71% para aposentadorias acima de um salário-mínimo e ao fim do fator previdenciário, aprovados terça-feira à noite no plenário da Câmara dos Deputados. Segundo o ministro, o aumento adicional das aposentadorias, que depende ainda de votação do Senado, significa acréscimo de R$ 30 bilhões nas contas da Previdência nos próximos cinco anos.

"Vou levar a minha opinião ao presidente para vetar os dois projetos. O governo tem deixado claro a preocupação com a sustentabilidade do INSS", afirmou o ministro. Bernardo admite que o veto é decisão impopular. "É uma coisa complicada." Mas, segundo ele, é preciso ter clareza de que não se pode aprovar tudo só porque é ano eleitoral.

Para o ministro, o governo não pode deixar um "abacaxi" para o próximo governo, seja ele oposição ou não. Disse ainda que se houver o veto, não será traição ao eleitor. Pelo contrário, afirmou, a aprovação de medidas que tornem o INSS insustentável é o que seria "enfiar a faca no eleitor".

ATITUDE IRRESPONSÁVEL - Bernardo disse que a aprovação pela Câmara do reajuste de 7,71% para as aposentadorias "foi uma situação de pura irresponsabilidade".

E avaliou que é normal que em período pré-eleitoral "as pessoas fiquem sensíveis a esse tipo de apelo". E completou: "Mas o que está implícito nessa atitude irresponsável é que depois o novo governo vai ter que tomar uma medida dura para compensar isso. Ou seja, passou a eleição, vamos enfiar uma faca nos aposentados".

O ministro lembrou que na terça-feira todos os partidos se revezaram na tribuna da Câmara para comemorar os dez anos da lei de responsabilidade fiscal. "E a noite foi uma farra", disse. Segundo ele, se o reajuste aprovado pela Câmara tivesse ficado na faixa dos 6,14%, como propôs o governo, o impacto nas contas da Previdência seria de R$ 19 bilhões. Com o reajuste de 7,71% aprovado, o impacto será de R$ 30 bilhões nos próximos cinco anos, disse.

Bernardo lembrou que quem paga a previdência quer ter o benefício. "O momento mostra que pelo menos no Congresso ninguém está preocupado com a sustentabilidade da Previdência. É uma espécie de consenso perverso: faz agora e depois alguém vai ter que fazer a maldade. E não é o Lula (o presidente Luiz Inácio Lula da Silva) e nem o Mantega (o ministro da Fazenda, Guido Mantega) que vão pagar esse negócio". O custo, afirmou, cairá sobre os contribuintes.




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