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Campeão da Série A3, Nacional ressurge com apoio de parceiros e poucos recursos
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19/06/2017 | 07:00
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Os centros de treinamento de São Paulo e Palmeiras estão divididos por apenas um muro na avenida Marquês de São Vicente, na Barra Funda, mas do outro lado da rua também há um time em busca de suas glórias. Ainda que bem mais modesto do que os vizinhos, o Nacional Atlético Clube confirmou o seu ressurgimento ao conquistar recentemente o título da Série A3 do Campeonato Paulista.

A situação é bem diferente da vivenciada pelo clube no início da década, quando estava na quarta divisão estadual. Nos últimos quatro anos, porém, conseguiu dois acessos ao ser campeão da chamada Segundona, equivalente à quarta divisão do Estado, em 2014, e da Série A3 em 2017. Agora, já até sonha com um retorno à elite do futebol paulista, na qual não figura desde 1974.

Para conseguir esse resgate, o Nacional, sem grandes recursos financeiros, adotou parcerias que soam como "ações entre amigos" para conseguir manter o time competitivo, a ponto de o diretor executivo Paulo Tognasini afirmar que as receitas do clube praticamente se resumem aos "parceiros", sem contratos fixos.

Há vários exemplos e o principal deles, com maior participação direta no futebol, é o da CSR Sports, empresa que atuou na indicação de atletas para a montagem do elenco, ajudando no pagamento de salários. Outro caso é o da Buh!, empresa do ramo de vestuário, que estampa sua marca nos uniformes do clube é de propriedade da filha e do genro do diretor executivo.

De acordo com os responsáveis pela gestão do clube, o fato de ser um clube da capital paulista mais dificulta do que ajuda na obtenção de receitas, afinal, não há apoio financeiro da prefeitura, como ocorre com alguns times do interior, além de pouca atratividade para empresas diante da concorrência de alguns dos principais times do Brasil na própria cidade.

Assim, resta contar com parceiros e "amigos" para conseguir receitas, além de aproveitar a estrutura de 80 mil metros quadrados do clube. É assim com o aluguel de campos para a Arena Fut7 e a Arena World, que terceiriza parte da estrutura do Nacional para utilização pelas escolinhas do Barcelona.

O clube explica que esses contratos geram entre R$ 40 mil e R$ 50 mil mensais. Mas esses recursos não são reinvestidos no futebol, sendo utilizados para manutenção da estrutura - apenas em contas de energia, o Nacional desembolsa cerca de R$ 20 mil por mês.

Foi também apostando em uma relação de amizade que o Nacional resolveu mudar o comando da equipe na reta final da primeira fase da Série A3, quando a classificação às quartas de final estava em risco. A diretoria, então, demitiu Alex Alves e contratou Tuca Guimarães. "Vou dar uma de louco", diz ter pensado Tognasini, quando resolveu apostar no técnico agora campeão.

O salário oferecido foi bem inferior ao que Tuca recebeu em trabalhos anteriores, mas as premiações por classificação à segunda fase e, principalmente, pelo acesso foram compensatórias. "Ele ganhou um bom dinheiro. Posso garantir que está muito contente para dois meses", afirmou Tognasini.

O treinador vinha de trabalhos em clubes bem mais renomados, como o Figueirense e a Portuguesa, mas aceitou o que ele classificou como uma "intimação". Afinal, ele já havia trabalhado no clube, possui uma relação de amizade com os dirigentes e, inclusive, mora nas proximidades do Nacional. "Foi uma condição totalmente fora do padrão da Série A3", reconheceu Tuca.

Ao contrário do treinador, os vizinhos do clube não vêm "comprando" muito a ideia do Nacional. Hoje, os públicos praticamente se resumem a "empresários e familiares de jogadores", como admitem dirigentes do próprio clube. O fato é confirmado pelos borderôs da Série A3, com a maior parte dos jogos do time no Nicolau Alayon não superando a marca dos 300 pagantes. E apenas na primeira final, contra a Inter de Limeira, o estádio superou a barreira das mil pessoas - foram 1.228 pagantes.

Além disso, a localização em uma região da Barra Funda também torna o clube alvo da especulação imobiliária. O Nacional, ao menos até agora, tem recusado todas as propostas e quer "dar o troco": aproveitar os moradores dos novos prédios para aumentar o público nas partidas da equipe no estádio Nicolau Alayon. "Estamos rodeados por 3 mil apartamentos em 14 torres. O pessoal vai querer descer para assistir", garante Tognasini, animado pelas perspectivas criadas com o acesso.




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