Automóveis Titulo Tecnologia
Futuro produzido em série
Marcelo Monegato
Do Diário do Grande ABC
31/03/2010 | 07:00
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Em 1913, Henry Ford escreveu importante capítulo da história ao iniciar a produção em série do lendário Ford T. Era o princípio da popularização do automóvel. Em novembro de 2009, quase 100 anos depois, é a vez de Osamu Masuko, presidente mundial da Mitsubishi, rascunhar nova etapa da indústria automobilística com a fabricação em escala do primeiro veículo de emissões zero 100% elétrico plug-in, o i-MiEV (Mitsubishi Innovative Electric Vehicle). Como ele mesmo diz, "o i-MiEV abre a porta para os próximos 100 anos da indústria automobilística."

Existe a possibilidade de o simpático carrinho ser produzido aqui no Brasil por volta de 2014 ou 2015, na planta de Catalão (GO). No entanto, de acordo com Fabio Maggion, supervisor de engenharia da marca, "o projeto ainda é embrionário. Não há nada definido." O principal entrave até o momento é encontrar uma parceira para a produção das baterias de alta capacidade.

O modelo apresentado no Salão de Tóquio de 2009 é derivado do Mitsubishi i, monovolume compacto da marca no mercado desde 2006, só que com motor de 659 cm³ a combustão. "Assim não precisamos de altos investimentos. Nos preocupamos apenas com baterias e powertrain", declarou Reinaldo Muratori, diretor de planejamento da Mitsubishi do Brasil. "Conseguimos baixar custos de produção e levamos o modelo para a linha de montagem mais rápido."

A partir de abril, o i-MiEV será vendido no Japão. O preço sugerido é de US$ 40 mil (R$ 71,6 mil). No entanto, graças ao forte subsídio governamental, ele deve custar apenas US$ 25 mil (R$ 44,75 mil). "Neste ano deverão ser produzidas 2.500 unidades. Em 2011, a previsão é de 11 mil", revelou Muratori. "Existe fila de espera."

Até o fim do ano, o 100% elétrico plug-in será vendido na Europa graças à parceria com o grupo PSA Peugeot Citroën.

TECNOLOGIA - A estrutura do i-MiEV é simples. No assoalho estão instalados dez módulos de baterias - cada uma com oito ou quatro células de lítio -, totalizando 88 células que, ao todo, pesam 220 quilos, têm prazo de validade de dez anos e autonomia de 160 quilômetros. As baterias estão ligadas ao motor elétrico, que por sua vez, está conectado ao conversor e a um carregador interno.

O motor gera 67 cv de potência e torque de 18,3 mkgf a partir de 1 rpm. A versão a combustão, por exemplo, tem os mesmos 67 cv, só que o torque é bem menor: 9,5 mkgf a 3.000 rpm. A suspensão não tem novidades. Independente na frente e multibraço atrás. A velocidade máxima é de 130 km/h e a aceleração de 0 a 100 km/h ocorre em 14,2 segundos - nada mal para quem pesa 1.080 quilos.

Apesar de elétrico, o Mitsubishi tem transmissão com uma marcha para a frente - com três variações (Drive, Eco e brake) - e outra para trás (ré). Na posição Drive o motorista tem maior rendimento, mas, ao tirar o pé do acelerador, o processo de recarga das baterias é mínimo. Na Eco, o veículo perde em desempenho, mas a regeneração das baterias é melhor. No Brake, o rendimento cai bastante, mas a recarga é altamente eficiente. "É como se estivesse usando o freio motor de um veículo engatado. Ao descer a serra na posição Brake, são grandes as chances de chegar em Santos com as baterias quase que totalmente carregadas", disse Muratori.

As recargas podem ser feitas plugando o lado direito do carro à tomada. Com 110V, a demora é de 14h. Com 220V, o tempo cai pela metade. Existe também o Quick Charger, que possibilita, por meio do bocal do lado esquerdo do i-MiEV, a recarga de 80% da bateria em 30 minutos. Este processo só é possível no Japão, onde existe o equipamento adequado. "A recarga não é de 100% para preservar a longevidade das baterias", explica Muratori.

Apesar de pequeno, o histórico Mitsubishi traz equipamentos de segurança de gente grande: air bag duplo, controles de tração e estabilidade, freios com ABS e zonas de deformação programada.

Internamente, no entanto, o acabamento é comparável a alguns populares brasileiros. É plástico por todas as partes. "Investimos em tecnologia e economizamos em outras partes", reconhece Maggion. Os bancos dos quatro ocupantes - com ajuste de altura para motorista e passageiro do banco dianteiro - são revestidos com tecido simples. Não há sequer detalhes de costuras.

Mesmo assim, o requinte está nos itens de série. Ar-condicionado automático, CD player com MP3, navegador, direção elétrica, banco traseiro rebatível, trio elétrico e rodas de liga leve de 15 polegadas.

As medidas são generosas. Com 3,39 metros de comprimento, tem 2,55 metros de distância entre os eixos. A altura é de 1,61 metro e a largura de 1,47 metro. O porta-malas, claro, não poderia ser grande: 200 litros. Números ideais para um veículo urbano.




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