Yoani Sánchez, 34 anos, leva uma vida simples com o marido e o filho adolescente em Havana. Apesar de não ter acesso irrestrito à internet - apenas 2% dos cubanos conseguem se conectar de alguma maneira - a filóloga de aparência frágil é hoje uma blogueira top. Generación Y (ou Geração Y), seu diário na web, contém relatos contundentes sobre o cotidiano na Ilha de Fidel e é acompanhado por milhares de pessoas - a maioria fora dos limites de seu país, é claro. Alguns destes posts foram reunidos no livro De Cuba, com Carinho (Editora Contexto, 208 páginas, R$ 29,90), já disponível em versão em português no País.

Na apresentação escrita especialmente para a edição brasileira, Yoani se descreve como "uma mescla rara de hacker e linguista". Ao lado do marido jornalista e de outros amigos, montou o portal Desde Cuba, onde seu blog está abrigado. Os textos são escritos em um antigo notebook comprado de um balseiro. A pele clara de Yoani de certa forma facilita a delicada operação de alimentar o blog. "Foi a partir de hotéis onde eu não podia entrar legalmente que coloquei meus primeiros textos na rede", revela em A Anatomia de uma ‘Y'. Fingindo-se turista, a escritora gravava os textos em um pendrive e pagava caríssimo por alguns minutos de acesso em cyber cafés.

As críticas ao regime não arrefereceram mesmo depois que Yoani passou a ser percebida - dentro e fora da Ilha. "Eu poderia passar o dia assustada, me escondendo desses homens instalados lá embaixo. Encheria folhas com os custos pessoais que este blog me trouxe e com os testemunhos dos que têm sido ‘advertidos' de que sou uma pessoa perigosa", escreveu em Vítima não, Responsável.

Ganhadora do prêmio Ortega y Gasset de Jornalismo no ano passado, a blogueira teria sido proibida de deixar o país para ser homenageada na Espanha. Também em 2008, ela foi escolhida pela revista Time como uma das cem pessoas mais influentes no mundo.