Finalmente chega a São Paulo um dos espetáculos cariocas mais premiados e elogiados da temporada do ano passado - "Inveja dos Anjos", do Grupo Armazém. Depois de levar ao palco textos de grandes autores a companhia volta com esse espetáculo de dramaturgia própria.

"Nosso ponto de partida foi o esfacelamento da memória, o desejo de experimentar a partir dessa característica fragmentada das lembranças - um mesmo fato pode ser recordado de forma muito diferente, por exemplo, por dois irmãos", diz o diretor Paulo de Moraes. Assim, os atores começaram a criar cenas em sala de ensaio a partir de lembranças pessoais ou compartilhadas.

Também leram muito autores, como Paul Auster e Gabriel García Márquez, entre outras fontes, como filmes.

Das leituras de "Auster", por exemplo, ficou a figura de uma menina cuja mãe manda sair de casa e procurar um tio. Na peça, Verônica Rocha é a recriação dessa menina que vai ao encontro de seu pai biológico por ordem da mãe, um homem jamais visto por ela e, da parte dele, que nem ao menos sabia ter uma filha.

O que encanta o público são as várias histórias, ora comoventes, ora engraçadas, que se cruzam nessa peça de forma descontínua no espaço e no tempo. "Nossa busca foi por uma perspectiva poética que não ficasse só na abstração, mas provocasse um choque entre diferentes vias de acesso", diz Paulo de Moraes.

A estréia é sexta-feira, no Sesc Consolação.