Economia Titulo Crise
Inadimplência dispara no comércio do Grande ABC

A elevação do endividamento se deve à crise financeira internacional, que resultou em desemprego

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
10/04/2009 | 07:13
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A inadimplência no Grande ABC está em crescimento desde o começo do ano. Somente em São Bernardo, de janeiro a março, o número de pessoas que não pagaram suas contas aumentou 82,35%. Em Diadema, a quantidade de novos endividados cresceu 41,2%. A elevação do endividamento se deve à crise financeira internacional, que resultou em desemprego e redução de salários.

No início do ano, segundo a Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo do Campo), foram inseridos 1.173 nomes no SCPC (Serviço Central de Proteção ao Crédito). Em março, foram incluídos mais 2.139 nomes, ou seja, quase mil novos devedores.

Em comparação ao mesmo período do ano passado, a elevação da inadimplência foi de apenas 2,5% - com a inclusão de 1.800 novos consumidores no SCPC 1.800 em janeiro, enquanto que em março daquele ano, havia mais 1.846 inserções, 46 pessoas a mais.

Em Diadema, foram registrados 689 inadimplentes no sistema de proteção ao crédito da ACE (Associação Comercial e Empresarial de Diadema), 201 pessoas a mais do que em janeiro, quando 488 deixaram de honrar seus pagamentos. Comparando com o primeiro trimestre de 2008, a elevação foi de 11,81%, o que significou 56 inclusões a mais.

Na avaliação de Valter Moura, presidente da Acisbec, o aumento do número de devedores é fruto da turbulência internacional, cinco meses depois da eclosão. "Está acontecendo o mesmo efeito da época em que foi implementado o Plano Real, em 1994. Com a moeda estável e o dólar em paridade com o Real, as pessoas gastaram muito nas compras de Natal acreditando que seus salários iriam aumentar, o que não aconteceu. Lá para abril os registros de inadimplência cresceram".

As inclusões no SCPC ocorrem, geralmente, entre 45 dias e dois meses após a data do vencimento da conta, diz Moura.

Como a economia esteve aquecida durante todo o ano de 2008 e muita gente que não tinha perspectiva de emprego começou a trabalhar, principalmente em áreas que não exigem mão de obra qualificada. Com isso, o consumo cresceu, explica Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Ciências Econômicas da Fundação Santo André.

"Com a entrada de um grupo que estava fora do mercado de trabalho há algum tempo, o comércio foi impulsionado. Porém, com a crise, justamente essas pessoas perderam seus empregos ou tiveram seus salários reduzidos, e isso se refletiu em um atraso nos pagamentos", justifica Balistiero, complementando que a região não é somente um pólo industrial, mas também comercial, por isso o impacto é forte.

A explicação vai ao encontro de um levantamento realizado pela Associação Comercial de São Paulo, que aponta o aumento da inadimplência como resultado da maior participação de uma nova classe média - formada por famílias com rendas entre dois e três salários mínimos - no consumo e, portanto, na inadimplência.




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