Economia Titulo Crise
Capital estrangeiro registra debandada
Por Bárbara Ladeia
Do Diário do Grande ABC
16/11/2008 | 07:00
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Todo o capital estrangeiro que alimentou as ofertas públicas iniciais, ou seja, aberturas de capital primárias e secundárias, neste ano já deixou o País.

A saída de capital externo, até a primeira semana de novembro, já superava o volume de recursos estrangeiros que entrou na Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) nessas ofertas. Segundo dados da bolsa paulistana, até o dia sete deste mês, o saldo líquido dos investimentos estrangeiros estava negativo em R$ 23,470 bilhões.

Essa é mais uma das conseqüências da crise financeira internacional. Receosos com a montanha-russa registrada nos últimos dois meses, empresas que estavam a caminho da sua abertura de capital para o mercado financeiro nacional deram um passo para trás.

Já foram 38 desistências registradas na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) somente neste ano.

Tal aversão não é à toa. Entrar no mercado a essa altura do campeonato pode significar uma forte depreciação no valor de mercado das futuras S/As.

Até mesmo empresas de renome, com ações conhecidas pelo nome de blue chips devido à sua alta liquidez e rentabilidade, como a Vale e a Petrobras, já perderam 49,88% e 52,74% neste ano, respectivamente.

Condição - O principal motivo para a abertura de capital é a necessidade de uma empresa de captar novos recursos, seja para um projeto ou para reestruturação das finanças. Assim, ela oferece todos ou boa parte de seus ativos ao mercado, divididos em ações que são compradas pelos futuros sócios. Esse capital levantado vai para o caixa, para a realização do projeto desejado

No entanto, a transparência passa a ser uma obrigação da empresa. A divulgação de relatórios financeiros, fatos relevantes e a distribuição de dividendos aos quotistas torna-se condição fundamental para uma boa avaliação de mercado.

Região - Diversas corporações do Grande ABC têm capital negociado em Bolsa. As maiores, como Petrobras, Grupo Quattor (detentor da PQU), Grupo Ultra (detentor da Oxiteno) e Paranapanema já fazem parte do mercado de capitais há anos. Algumas delas são listadas em níveis diferenciados de Governança Corporativa, que estabelecem as empresas que têm melhor relação com seus investidores.

No entanto, algumas companhias menores ainda oferecem resistência ao acesso à Bolsa. "Essa cultura não faz parte da nossa tradição", afirma Roberto Anacleto, coordenador de projetos da Agência de Desenvolvimento do Grande ABC.

A entidade não oferece qualquer projeto educacional no sentido de discutir e explicar o funcionamento desses mercados. "Não descartamos a idéia de trabalhar com esse assunto, mas o empreendedor local ainda vê essa realidade muito distante", disse.




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