Cercados de lixo, terra, mato, fezes de animais, esgoto e ratos. É assim que vivem as 188 famílias dos alojamentos do CDHU (Companhia Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo), no Jardim Santo André, que aguardam por um apartamento. Cada alojamento possui cerca de 6 m² e tem, em média, cinco moradores.

Dez famílias do alojamento de Santo André invadiram na madrugada de sexta-feira os apartamentos em fase final de construção só saíram à tarde.

O alojamento não possui rede de esgoto, de água e de luz. Tudo é improvisado. Os fios, canos e esgoto ficam expostos, colocando em risco a vida e a saúde dos moradores. Os moradores criam gatos para diminuir o número de ratos.

A dona de casa Marta Fernandes de Oliveira, 40 anos, diz que a tampa do vaso sanitário tem de ficar fechada e com um objeto pesado em cima para evitar que os ratos entrem em casa. “Os fios elétricos vivem estourando e causando incêndio e falta de energia”, diz.

Valdicéia Viana Santos vive no local com sete pessoas há oito anos. Não se conforma de ter sido tirada da favela para viver naquela situação. “Eles tiram as pessoas dos barracos e ficamos aqui esperando”, diz.

A vendedora Josemary Gomes da Silva, 23, mora há cinco anos no alojamento, que deveria ser uma moradia provisória, de até seis meses. “Minha filha ficou 30 dias na UTI por problemas respiratórias. A poeira aqui é demais.” Josemary acha que enquanto não se mudar, a filha não vai sarar. “Dá vontade de morar num barraco perigoso. Daí, quem sabe, consigo mudar.”

Maria dos Santos Nunes, 32, tem um bebê de 10 meses e mais quatro crianças. “Quando o sol esquenta, temos que sair de casa. Não dá para agüentar o cheiro. Meus filhos vivem com vômitos e diarréia.”