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Seis décadas de pura rebeldia
Mariana Trigo
Da TV Press
27/01/2008 | 07:09
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Betty Faria nunca teve papas na língua. Com a postura altiva de quem dançou balé clássico durante longos anos, a atriz não relaxa sua atitude ereta nem mesmo quando esbraveja dizendo que não gosta de falar sobre papéis antigos ou relembrar os fatos mais marcantes de sua carreira na TV. “Não sou uma pessoa de ter saudades. O melhor tempo para mim é aqui e agora”, avisa, cruzando as pernas.

A atriz de 66 anos só se mostra um pouco mais à vontade quando começa a falar sobre sua personagem em Duas Caras. Completando 25 anos de parceria com Aguinaldo Silva e 39 anos de carreira na TV, a carioca nascida e criada na Zona Sul do Rio arrasta seu sotaque para defender as atitudes de Bárbara.

Braço direito do vilão Marconi Ferraço, de Dalton Vigh, a ex-prostituta é a fiel escudeira do crápula e a única que sabe de todo o passado do patrão. “Ela não é uma mulher dúbia. Apenas agarrou com unhas e dentes esse emprego de governanta para poder deixar para traz a vida miserável em Pernambuco”, defende.

Por que você retornou em Duas Caras, após alguns anos de aparições bissextas em novelas?
BETTY FARIA - Estou supercontente desta retomada ser com o Aguinaldo. Claro que a novela tem muitas histórias, um elenco grande e a Bárbara não é a personagem principal, que às vezes vai para um lado, para o outro. Mas tenho muita gratidão ao Aguinaldo por ter pensado sempre em mim para fazer mulheres tão interessantes.

O que a Bárbara tem de tão interessante para você?
BETTY - Embora pareça, ela não é uma mulher dúbia, que arme com o Ferraço. Ela é fiel a ele, até o dia que ela deixar de ser.

A Bárbara protagonizou cenas picantes na cama com o Ronildo, do Rodrigo Hilbert, que interpretou seu filho em Pé na Jaca. Como você reagiu ao saber que ela iria se envolver com um menino muito mais jovem?
BETTY - Como ele viveu meu filho anteriormente, já tínhamos uma relação profissional, companheirismo e uma intimidade. O Wolf fez as cenas com o maior carinho. Tinha confiança nisso.

Este ano, você completa 25 anos atuando em novelas do Aguinaldo, com personagens de destaque. Mesmo assim, ficou de fora de outras produções dele, como Senhora do Destino, exibida em 2004. Por quê?
BETTY - Não fiz por coisas do destino. Mas o Wolf Maya e o Aguinaldo me chamaram juntos para Duas Caras, onde comemoramos nossas bodas de prata.

Você comprou os direitos de exibição de Tieta para a TV. Considera essa novela o seu maior sucesso?
BETTY - Comprei os direitos, ela foi um sucesso imenso, mas essa época passou. Não sou uma pessoa de ter saudades. Os jornalistas acham que eu gosto de falar sobre o passado. Acho um saco.

Mas suas maiores personagens fazem parte do passado...
BETTY - Olha, sempre fui a rebelde do País. Sou rock’n’roll, tenho minhas opiniões, falo o que penso. Vamos falar de coisas atuais? Tenho um blog na internet. Lá tem coisas atuais que estou fazendo, como campanhas contra armas.

Como essa rebeldia influenciou sua carreira?
BETTY - Sou rebelde em tudo. Não sou uma pessoa que se enquadre na vida. Dou minhas opiniões, mesmo que desagrade às pessoas. Muitas vezes esse comportamento me prejudicou, é claro. Nunca tive vontade de ser uma pessoa como todo mundo diz que se deve ser, a certinha.



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