O caos instalado no sistema financeiro mundial tem assustado muitos investidores e afastado aqueles que ainda pensavam em investir. O economista e professor da Fundação Santo André Primo Falcini, não vê motivos para afastamento do mercado financeiro, ainda que o cenário não pareça convidativo.

Segundo seu modelo de análise de ações criado e publicado no livro Avaliação Econômica de Empresas, de sua autoria, companhias podem ter muito mais valor do que afirma o mercado. "O caso atual da Bolsa, por exemplo, é puro movimento especulativo. Essas quedas bruscas não representam o valor real de uma empresa", afirma.

Em seu trabalho, Falcini cria um modelo em que é calculado o valor real dos títulos negociados no mercado, retirando os fatores especulativos. "Descoberto o valor real, você compara com o valor que está sendo negociado no mercado", ensina. Caso as ações estejam sendo negociadas em valor inferior ou superior ao resultado da aplicação do modelo, a tendência é de que as ações retomem seus postos de equilíbrio. "Em situação normal, os papéis de uma empresa oscilam, mas estão sempre em torno do seu valor real", afirma.

LIMITES - O modelo proposto pelo economista não funciona para operações de curto prazo ou de day trade (negociações realizadas e liquidadas dentro do mesmo pregão). "A Bolsa não é um cassino, qualquer investimento deve ser de longo prazo", afirma Falcini.

Além do mercado financeiro, o modelo pode ser aplicado também no dia-a-dia empresarial, estimando qual o real valor da empresa no mercado. São utilizados, entre os dados básicos para a realização do cálculo, elementos da contabilidade da companhia e do mercado. "Utilizar só uma dessas ferramentas para analisar uma empresa não é suficiente", comenta.

PESQUISA - O modelo foi criado a partir da reunião de teorias tradicionais da economia em torno de uma aplicação prática.

O método criado por Falcini já foi testado em simulações e comentado por diversas consultorias."Ficamos dentro de uma faixa bastante segura de acerto", ressalta.