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Todas as facetas de Che Guevara
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21/06/2008 | 07:07
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Steven Soderbergh levou um historiador a Cannes, em maio, para a exibição de seu longa sobre Ernesto ‘Che' Guevara na mostra competitiva do maior festival do mundo. Jon Lee Anderson, biógrafo do Che, foi sucinto. Disse que existem vários Ches, e não apenas um. Para os países ricos, do Primeiro Mundo, ele talvez seja só um item de consumo, uma face estampada numa camiseta que os jovens, principalmente, compram (e vestem) como a de qualquer outro ícone da cultura pop.

Para os países do Terceiro Mundo, especialmente na América Latina, é um ícone da luta revolucionária e da resistência à opressão imperialista. O Che não sai de moda, disse Anderson, e sua importância não fica diminuída pelo fato de os representantes das classes oprimidas - índios e operários - estarem chegando democraticamente ao poder na América Latina, pelo voto e não pela revolução, que ele pregava.

Com suas quatro horas e 30 minutos de duração, o Che de Soderbergh, com Benício Del Toro, não tem previsão de lançamento no País. Em Cannes, surgiram comentários de que o filme fosse diretamente para o mercado de DVD. Seria um grande programa para o Festival do Rio, em setembro, ou para a Mostra de São Paulo, em outubro.

No Rio, no ano passado, e depois em São Paulo, outro Che já integrou a programação dos dois eventos. Personal Che estréia hoje na cidade.
O documentário de Douglas Duarte e Adriana Mariño é diferente de tudo o que você já viu, ou vai ver, sobre o lendário guerrilheiro. Todos os Ches a que se refere Jon Lee Anderson - outros - estão em Personal Che.

No Rio, no ano passado, Douglas contou como conheceu Adriana num fórum de documentário e como, quase simultaneamente, em 2004, ele foi à Bolívia. O governo boliviano havia criado um roteiro turístico que tomava como referência as paradas de Che Guevara no País. Douglas encontrou garotos de esquerda que sabiam tudo sobre os anos do guerrilheiro em Cuba e na Bolívia. Encontrou também o general Gary Prado, responsável pela operação que levou à captura do Che, e que possuía outro olhar sobre ele. E ainda descobriu que os camponeses, surpreendentemente, cultivam o Che como santo, como San Ché ou Almita del Che.

Douglas trocou e-mails com Adriana comentando essa diversidade de pontos de vista. Haveria outros desvios de percepção como aqueles? Seria possível identificá-los e, neste caso, daria filme? Ambos pesquisaram e dessas pesquisas nasceu Personal Che. No filme deles, Che é ídolo tanto de camponeses bolivianos e de jovens que ainda sonham com a revolução quanto de skinheads que o comparam a Adolf Hitler. Mais do que revelar a verdade por trás do mito, Douglas e Adriana seguem o caminho inverso e exploram o mito por trás da verdade.

Como Douglas diz, "o Che só é múltiplo, e atual, porque é antiqüíssimo. Encarna o forasteiro, o herói que vem nos salvar e esta é uma mitologia que o próprio cinema consagrou."




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