"A voz da delicadeza em tempos furiosos", segundo Zeca Baleiro, a cantora Ceumar chega ao quarto CD ainda mais mineira. "Cada vez mais me sinto uma caipira - no melhor sentido da palavra -, mesmo morando há 13 anos em São Paulo." Ela é de Itanhandu, no Sul de Minas Gerais.

A simplicidade, que pode ser tanto o violão dedilhado pelo pai como a voz da mãe cantando dentro de casa, é o guia dos quatro shows de Ceumar no Teatro Fecap, de quinta-feira a domingo. Os convidados são o pianista cubano Yaniel Matos, do Mani Padme Trio (sexta-feira), e o compositor e percussionista mineiro Sérgio Pererê (nos outros três dias), com os quais Ceumar tem parceria: Um Dia de Chuva e Gira de Meninos, respectivamente. O cantor Rubi gravou Gira de Meninos.

Ela aproveita a oportunidade para gravar o novo álbum, com cerca de 20 faixas, totalmente autoral e ainda sem nome. Apesar do contato com vários músicos, dentro e fora do Brasil, de Dante Ozzetti a Mike Del Ferro, Ceumar se diz mais próxima de suas raízes, lá na Serra da Mantiqueira, onde passa o Rio Verde, e isso depois de lançar os CDs Dindinha (2000), Sempre Viva (2002) e Achou! (2006).

O rio como metáfora está na letra da canção Justo, uma parceria com o cantor e compositor andreense Kléber Albuquerque e Tata Fernandes. Dizem os versos: "Justo é o que cabe direito/ É o rio no seu leito/ Justo equilíbrio perfeito/ Entre o dito e o feito/ Entre o ato e o discurso/ ê o rio no seu curso..." A simplicidade se confunde com essência.

O clima das gravações será intimista, como se Ceumar estivesse cantando e tocando violão para amigos na sala de casa. Ceumar diz buscar um jeito simples de dedilhar o violão para não se enroscar. E estuda canto para estar afinada nos shows, como se ela não fosse bem modulada e não tivesse uma pronúncia límpida.

Ceumar - Show. No Teatro Fecap - Av. Liberdade, 532, 3188-4149. Quinta-feira a sáb., 21 h; dom., 19 h. Ingr.: R$ 20.