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Ensino integral é o caminho para Estado, garante secretário

Herman Voorwald visitou a EE Jardim Riviera, em Santo André; unidade é a única da região que oferece modelo para o Ensino Médio

Natália Fernandjes
Do Diário do Grande ABC
15/09/2014 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


A expansão do ensino em tempo integral é a aposta da Secretaria Estadual da Educação para a melhoria da qualidade. Em visita à única escola que oferece Ensino Médio neste modelo na região, a EE Jardim Riviera, em Santo André, o secretário Herman Voorwald destacou que tem plano de ampliar o sistema, hoje ofertado a 182 unidades do segundo ciclo do Fundamental (5º ao 9º ano) e Ensino Médio, para 1.000 instituições até 2018. A meta será cumprida de forma gradativa, segundo Voorwald. 

Para 2015, outras 60 escolas passarão a ofertar ensino em tempo integral na segunda etapa do Fundamental e no Médio e as primeiras 18 unidades de ensino do primeiro ciclo do Ensino Fundamental (1º ao 4º ano) serão incluídas no sistema. “Nos anos iniciais estamos trabalhando as habilidades socioemocionais e não cognitivas. Já nos anos finais e Ensino Médio, focamos no projeto de vida e protagonismo do aluno.”

A ampliação será pautada pela demanda, oferta de terrenos para construção de unidades e desejo da comunidade, destaca o secretário. “A grande questão é a falta de espaço para construir escola. O segundo passo é ter a opinião da comunidade. Os professores, diretores, pais e alunos têm de querer. É um processo de adesão”, diz. 

Depois de aprovada, a unidade de ensino passa por reforma, tendo em vista a necessidade de infraestrutura com quadra, cozinha, refeitório, sala de leitura, laboratórios de informática, Química e Biologia. “O que queremos é que São Paulo tenha ensino integral nos três ciclos. É o que acredito e que, no meu entendimento, é o caminho. Ter o professor e o diretor numa carreira de dedicação exclusiva, para passar para esse jovem que, através de seu esforço e dedicação, ele pode buscar seu sonho e realizá-lo”, ressalta o secretário.

PREOCUPAÇÃO -  O Ensino Médio é hoje o principal foco de preocupação do País. O problema ficou mais evidente com a divulgação recente do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). No Estado, a nota caiu de 3,9 para 3,7 entre 2011 e 2013. 

Para o secretário, os números mostram que o modelo tradicional da última etapa de aprendizado dos jovens precisa ser rediscutido. “O que a gente deve entender é que jovem queremos preparar? Que jovem o País quer que esteja no mercado de trabalho? Qual é a formação deste jovem? Essa é uma discussão que é feita pelo MEC (Ministério da Educação) junto com as secretarias de Estado. Este é o caminho do País.”

A principal crítica de Voorwald ao sistema atual de aprendizado no Ensino Médio é a desconexão entre as disciplinas. “Ele (aluno) tem que ter um conjunto de disciplinas conectadas com aquilo que entende que precisa para ter formação adequada e estar no mercado”, considera.

Além do tempo integral, o secretário destaca que é preciso dar opção ao jovem, tendo em vista que apenas 17% dos alunos que concluem essa etapa do conhecimento vão para a universidade. O Estado oferece o Vence (programa que articula o Ensino Médio ao Ensino Técnico) e o Centro Paula Souza como alternativas.

Modelo desperta nos jovens novas perspectivas de vida

A EE Jardim Riviera, em Santo André, está entre as 16 unidades do Estado que oferecem Ensino Médio em período integral desde 2012. O projeto piloto contempla nove aulas por dia e, além das disciplinas previstas por lei, há orientação nos estudos, preparação acadêmica para o mercado de trabalho e uma matéria eletiva sobre temas diversos por semestre. A primeira turma de formados é composta por 39 estudantes, sendo que cinco deles foram aprovados em vestibular de universidades públicas.

Conduzido pelo trio de alunos Samuel Souza da Silva, 15 anos, Camila Agone, 16, e Carlos Alberto Nunes Júnior, 15, durante a visita o secretário não escondeu o contentamento em observar que os 320 adolescentes do local passaram a ter novas perspectivas de vida a partir do conhecimento. “Centenas de jovens que estão aqui não tinham sonhos e hoje querem ser engenheiros, médicos, professores. Por quê? Porque se trabalhou neles a possibilidade”, ressalta.

Exemplo disso foi o depoimento do estudante Klayton Domingos da Silva, 17, do 3º ano do Ensino Médio, capaz de emocionar o secretário e terminar em um abraço fraterno. “Entrei na escola obrigado e não imaginava que teria esse suporte que tanto precisava. Nunca tive a atenção do meu pai e aqui me sinto acolhido”, revela.

O secretário defende ainda que a escola pública não pode ser comparada com a escola privada, tendo em vista o fato de a rede estadual não excluir. “A escola pública tem uma coisa que se chama responsabilidade social. É um espaço de mudança de comportamento que não significa unicamente conteúdo curricular, e isso não se mede.

Não há indicador que faça isso”, define Voorwald. 




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