Pelo menos cinco crianças, com idades entre 6 e 9 anos, e uma adolescente, de 17, todas moradoras da favela do Gamboa, em Santo André, foram abusadas sexualmente pelo ferramenteiro Manoel Donizeti Pereira, 55 anos, conhecido como Doni, dentro do Parque Central, segundo acusação feita pela Polícia Civil.

Pereira teve a prisão temporária decretada pela Justiça e a polícia acredita que o número de vítimas possa ser ainda maior. Quatro outras crianças que foram assediadas pelo molestador já teriam sido identificadas.

“É importante que as pessoas procurem a polícia após saberem que ele está preso, assim perdem o medo de reconhecê-lo e denunciá-lo”, destacou o delegado titular do 1º DP (Centro) local, Lupércio Antônio Dimov.

O caso veio à tona na noite de terça-feira. Uma das vítimas contou à mãe sobre o ocorrido após relatar dores na genitália. A menina, de 7 anos, passou por atendimento médico e a PM (Polícia Militar) foi acionada.

“Pode até ter acontecido algo mais grave, mas elas (crianças) estão nos contando tudo aos poucos”, disse Sirlândia Pereira da Silva, 33 anos, mãe da menina.

Com a notícia do primeiro boletim de ocorrência registrado, Pereira teria se exaltado. Segundo o relato das próprias crianças, em um piquenique no dia seguinte, ele as teria amarrado em uma árvore do parque, ameaçado cortá-las com um facão e feri-las com um prego nas nádegas e genitais. Um menino conseguiu fugir e avisou a mãe.

Investigadores do 1º DP chegaram ao parque no momento em que a GCM(Guarda Civil Municipal) contia moradores do Gamboa, que armaram tocaia e agrediram o ferramenteiro.

Segundo moradores, há pelo menos três meses o acusado circula pela comunidade, atraindo as criançascom doces. Como elas nunca haviam contado o que acontecia, não levantaram suspeitas. “Eu devia ter imaginado, suspeitado, pois ele conhecia até o nome da minha filha e ela o chamava de amigo”, disse Adriana Gomes de Sousa, 37 anos.

A polícia o acusa de ameaçar as crianças de morte caso contassem algo. Ele teria dito a um menino que cortaria seus braços e nariz caso fosse denunciado.

Em nota, a Prefeitura informou que possui 18 integrantes da GCM escalados para cuidar da segurança do local e que o patrulhamento do espaço é feito a pé ou com o uso de motos.

Acusado é procurado por pedofilia

Segundo levantamento da Polícia Civil, Manoel Donizeti Pereira, o Doni, já era procurado pela Justiça pelo crime de pedofilia cometido em 2006, em Jundiaí, no interior do Estado. Na ocasião ele foi acusado de tirar fotos de crianças nuas, mas concedeu endereço falso e, desde então, estava foragido.

O ferramenteiro seria divorciado e teria um filho, de 11 anos, segundo a apuração inicial, e morava apenas com a mãe, uma idosa doente, no Jardim Stela. Para ir até o Parque Central, ele dizia a ela que realizava trabalho socioeducativo com senhoras carentes.

Segundo a polícia, uma testemunha contou que já havia flagrado Pereira com uma das crianças da Gamboa sentada em seu colo. Mas ele alegou ser avô do pequeno. “Ele era uma pessoa muito educada, que sabia conversar”, disse Silvana Pereira da Silva, 37.

Ela é mãe do menino de 8 anos que quase teve a genitália perfurada por um prego. E ainda tenta encontrar forças para superar o ocorrido.

“O que ele fez com essas crianças não tem perdão. Isso é se aproveitar da fragilidade delas, do fato de não terem condições de comprar doces”, desabafou Silvana. “É triste você criar um menino desde pequeno para vir um monstro desses fazer uma coisa assim.”

Pereira poderá pegar até 15 anos de prisão por cada criança que molestou. As investigações continuarão, segundo Lupércio Antônio Dimov.