Foi preciso dar o sangue, mas a União das Vilas, escola do bairro Assunção, sagrou-se ontem campeã do Carnaval de São Bernardo.Com 199,25 pontos ganhos de 200 possíveis, a agremiação perdeu décimos apenas nos quesitos alegoria e evolução.

Mesmo assim encerrou uma hegemonia de seis títulos seguidos da São Leopoldo, que acabou banida da Folia local pela Superliga das Escolas de Samba de São Bernardo.

O enredo A União Está no Sangue quebrou o jejum da escola, além de fazê-la superar a concorrente. Foi a primeira conquista após dez anos, sendo dois vice-campeonatos em 2012 e 2013 e um quase rebaixamento em 2010.

“Fizemos um trabalho que ficou na cabeça dos jurados”, disse o presidente Washington Arantes. “Mas no final valeu a força de todos nós, a superação das dificuldades. Como disse o nosso enredo, todo mundo deu o sangue para que essa conquista viesse.”

Cerca de 100 pessoas foram até o barracão da escola após o resultado da apuração festejar com cerveja e muito samba a chegada do troféu, o 11º da coleção da Rosa e Azul na história da Folia local.

A comemoração pela conquista, no entanto, veio bem antes, ainda no Ginásio do Baetão, no decorrer da apuração, com as impressionantes 17 notas dez recebidas e o emocionado grito de “é campeã” entoado pela torcida presente.

O enredo sobre o sangue foi escolhido entre outras opções, como o horóscopo chinês. E a preparação para o Carnaval deste ano foi marcada pela retomada da presença da comunidade. A União voltou a ensaiar sua bateria na Área Verde, tradicional parque da cidade, no mesmo bairro que a escola.

“Todo mundo entendeu a proposta, levantou a cabeça após os erros. Tudo é feito de forma democrática”, exaltou o presidente.

A apuração são-bernardense começou com os rebaixados já definidos. A Unidos da Vila Rosa, que desistiu de desfilar, foi punida com o descenso. Junto dela também estará no Grupo 2 a Estação Primeira de Baeta Neves, que perdeu 64 pontos por não cumprir o número mínimo de componentes exigido pela Superliga.

Em 2015, as duas agremiações desfilarão ao lado da Acadêmicos de Vila Baeta Neves. A escola perdeu pontos por punições da Superliga, mas os 171 obtidos no total acumulado no desfile das pleiteantes a colocaram na disputa por vaga no grupo principal.

A campeã do Grupo de Acesso foi a Terceira Idade Brilha São Bernardo. Assim como a Acadêmicos, foi a única na disputa de seu grupo e, pelo regulamento, tinha de fazer total de 80 pontos acumulados mais um para conseguir o acesso.

“Nossa expectativa era muito grande. E agora vai aumentar mais. Temos que acreditar na gente”, disse o presidente Raimundo Machado, o Lapa, presidente da Terceira Idade.

Santo André

A Folia regional conhecerá mais uma escola campeã hoje, às 14h, no ginásio do bairro Camilópolis, quando será realizada a apuração do Carnaval de Santo André.

São Leopoldo é banida pelo presidente da Superliga

Perder o Carnaval após seis títulos seguidos mexeu com os ânimos da diretoria da São Leopoldo. A escola foi banida do Carnaval da cidade pelo presidente da Superliga, Léo Oliveira, que alegou ter sido agredido com moedas e outros objetos atirados à quadra do Baetão por diretores insatisfeitos com as notas dadas.

“O regulamento é claro”, disse Oliveira. Segundo ele, a Superliga atendeu pedido dos presidentes e trouxe, neste ano, jurados do Rio de Janeiro para fazer as avaliações. “Todos fizeram sabatina com eles, tiraram dúvidas.

Ninguém quer prejudicar ninguém. Não dá para aceitar agressões em nossa festa.”

Presidente da Camisa Vermelha e Branca, Marcelo Silva de Verçosa acompanhou de perto a confusão. Ele viu o momento em que diretores da São Leopoldo atiraram objetos na quadra e tentou argumentar, mas a reação dos concorrentes quase desencadeou briga.

“Eles ganharam seis vezes seguidas e todo mundo aplaudiu. Quando perdem agem desta forma? Não pode”, destacou. O presidente da São Leopoldo, Américo Antônio Morales, o Tico, não foi encontrado para comentar o caso.

Foi a segunda confusão do dia. Antes, um torcedor alcoolizado provocou integrantes da Acadêmicos da Vila Vivaldi, mas foi retirado rapidamente antes de ser agredido. “Uma coisa é torcedor. Outra é diretor da escola com quem mantemos contato”, disse Oliveira.

O presidente da Superliga, no entanto, admite que o banimento pode ser revertido. A São Leopoldo precisaria se desculpar formalmente com a entidade e teria de haver consenso entre todas as escolas. Se isso acontecer, a agremiação teria garantida de volta sua vaga no Grupo 1.