Economia Titulo Pesquisa
Famílias com chefe
mulher devem mais

Maioria dos domicílios não conta com a renda
dos homens, revela pesquisa do Grande ABC

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
28/10/2013 | 07:04
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Divulgação


As famílias da região chefiadas por mulheres têm o maior volume médio de dívidas em atraso. Isso em relação aos domicílios cujos comandantes declarados são os homens.

Para se ter noção, as residências controladas por elas têm, em média, R$ 583,63 em contas atrasadas. No caso das casas comandadas por eles, o valor está em R$ 526,43.

Uma das explicações para essa situação, avalia o gestor do Inpes/USCS (Instituto de Pesquisas da Universidade Municipal de São Caetano), Leandro Prearo, é simplesmente a matemática. “A região apresenta uma característica ímpar em relação ao País. As famílias chefiadas por mulheres, em sua maioria, não contam com a renda dos homens. Portanto é um salário a menos”, explica o especialista.

Em apenas 6% das residências controladas por elas no Grande ABC as mulheres são casadas. A maioria, 39,3%, são viúvas. Outras 29,4% são separadas ou divorciadas. E, por fim, 25,2% são solteiras.

Todos os dados fazem parte da Pesquisa Socioeconômica do Inpes/USCS. As referências são de agosto de 2012, último recorte fechado para que o resultado fosse estatisticamente correto. Porém, os valores são corrigidos monetariamente com base no IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor - Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas). Este indicador é o que mais se aproxima da realidade da região.

EVOLUÇÃO - Os resultados de 2012 não são novidade. Em 2011, algo semelhante ocorreu no Grande ABC. Enquanto as famílias chefiadas por elas tinham um montante de dívida médio de R$ 557,73, as residências com homens declarados no comando apresentavam média de R$ 508,89.

No caso das mulheres, o valor do ano passado teve um incremento real de 4,64% na comparação anual, percentual superior ao apresentado pelos domicílios comandados por eles, de 3,44%.

E, naturalmente, destaca Prearo, é evidência de que a menor renda verificada para as mulheres na região acaba influenciando no maior acumulo de contas em atraso.

Em 2012, a renda média mensal da trabalhadora da região era de R$ 1.264,74. Esse valor é 44% inferior ao rendimento verificado para os homens, que atingiu média de R$ 2.285,14. Ambos os resultados estão corrigidos monetariamente para setembro.

O professor de Economia da Universidade Metodista de São Paulo Sandro Maskio, que também é coordenador do Observatório Econômico da instituição de ensino, concorda que a menor renda das mulheres gera mais dificuldades para liquidar as dívidas.

RAIO X - Nas sete cidades, conforme dados do Censo 2010 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), existiam à época 795.769 domicílios.

Cruzando essas informações com os dados da pesquisa socioeconômica, é possível estimar que 175 mil famílias são chefiadas por filhas, mães, tias ou avós. Ou seja, representam 22% do total na região.

A maioria dessas residências está localizada nas classes de consumo C, D e E que, ao todo, representam 60% das 175 mil famílias. No ano passado, segundo o estudo, esses domicílios tinham remuneração familiar entre R$ 1.200 e R$ 2.060.

Outros 36% das famílias com esse perfil estão enquadradas na classe de consumo B, cuja renda média mensal era de R$ 4.237. E apenas 3% estavam incluídas na classe A, cuja remuneração média da residência era de R$ 9.298.

A pesquisa socioeconômica tem como base o Critério Brasil para definir a classe de consumo das famílias. Essa metodologia atribui pontos para alguns bens e serviços que os consumidores têm, como empregada doméstica, automóvel e também pela formação educacional do chefe da família.


Estudo diz que elas são mais inadimplentes

A pesquisa de inadimplência de setembro do SPC Brasil, empresa gestora de banco de dados de pessoas físicas e proteção ao crédito, revelou que a maioria dos consumidores que não conseguiram liquidar as suas dívidas e atrasaram por mais de 90 dias é formada por mulheres.

Segundo o levantamento, elas representam 54% do grupo de inadimplentes, enquanto os homens são 46% daqueles que dão calote. A pesquisa do SPC Brasil tem como base 150 milhões de CPFs que são consultados quando as pessoas vão realizar algum tipo de compra em parcelas.

E justamente o pagamento em várias vezes, ou seja, por meio de crédito parcelado, é um dos responsáveis por essa maior inadimplência. Segundo os dados do SPC Brasil, 58% de todas as compras com pagamento em parcelas estão em nome de uma mulher.

Considerando todos os consumidores com contas em atraso, sem distinção por sexo, 50,7% apresentavam dívidas que superavam os R$ 500, em setembro. Outros 15,8% dessas pessoas tinham débitos atrasados entre R$ 250 e R$ 500. Por fim, 18% dos consumidores possuíam dívidas entre R$ 100 e R$ 250.
 




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