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Nessa casa todos brigam

Acompanhando com interesse a guerra na Polícia Federal entre os defensores do delegado Protógenes Queiroz e seus adversários?

Carlos Brickmann
12/11/2008 | 00:00
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Acompanhando com interesse a guerra na Polícia Federal entre os defensores do delegado Protógenes Queiroz e seus adversários? Pois esta não é a principal disputa: há outra mais discreta, e mais importante, que envolve a presidência do Senado e em que a cabeça a prêmio é a do ministro da Justiça, Tarso Genro.

A Polícia Federal investiga, há cerca de dois anos, o empresário Fernando Sarney, filho do senador José Sarney, do PMDB, fiel aliado do presidente Lula. O problema explodiu quando se atribuiu à Polícia Federal a intenção de invadir a casa dos Sarney na ilha de Curupu, no Maranhão, para prender Fernando e outros parentes e amigos investigados, e constranger o próprio senador Sarney. Sarney falou com o presidente Lula, em audiências pessoais, por dois dias seguidos; acusou o ministro Tarso Genro de persegui-lo; e pediu sua substituição.

O caso envolve a presidência do Senado. O PT gostaria de eleger Tião Viana, mas não conseguirá sem o apoio de Sarney (além do que, pela praxe congressual, a maior bancada elege o presidente - e a maior bancada é a do PMDB, fiel a Sarney). Envolve também a base parlamentar governista: sem o PMDB, Lula fica descoberto no Senado e tem ameaçada sua maioria na Câmara Federal.

Como o ministro Tarso Genro, além de desagradar Sarney, tem criado problemas para o governo (com a idéia da revisão da Lei da Anistia) e atirado em Dilma Rousseff (ele gostaria de ser o candidato oficial à presidência), abre-se a temporada de apostas: quem será - em breve - o próximo ministro da Justiça?

O SOBE-E-DESCE
O PMDB não quer apenas o afastamento de Tarso Genro: quer também controlar a Polícia Federal, seja quem for o ministro da Justiça. Há algum tempo, tinha candidato forte ao ministério: o ministro da Defesa, Nelson Jobim. Mas Jobim está em baixa com Lula desde o episódio das maletas (aquelas que, segundo ele, grampeariam telefones). Hoje, o PMDB se contenta com a Federal.

OS CANDIDATOS
Se Lula demitir Tarso Genro, caem todos os vetos à eleição do petista Tião Viana para a presidência do Senado. Se não demitir, Sarney sai candidato contra Viana e ganha a eleição. Na Câmara, a situação é mais complicada: Michel Temer, do PMDB, tem promessa por escrito do PT de que irá apoiá-lo, mas pode perder para Cyro Nogueira, do PP, herdeiro político de Severino Cavalcanti - lembra dele? Aquele que renunciou por cobrar propina do dono do restaurante.

VOLTANDO À FEDERAL
O delegado Protógenes Queiroz, que levou o banqueiro Daniel Dantas à prisão por duas vezes, está sendo tratado com dureza pelo governo. É preciso investigar se, no afã de cumprir a lei contra o banqueiro, não andou ele mesmo a violá-la. Mas não se pode esquecer o objetivo inicial das investigações: o papel de Dantas. Dantas é suspeito de fatos graves, que vão do suborno de parte da imprensa até participação no Mensalão. É acusado até de cooptar parlamentares de vários partidos para agir em seu favor. Só um inquérito consistente, bem feito, pode confirmar uma ou várias acusações, ou inocentar de vez o banqueiro.

NOSSA CAIXA, CAIXA DELES
Deve ser anunciada a qualquer momento a compra da Nossa Caixa, de São Paulo, pelo Banco do Brasil. E sem concorrência pública. A explicação que se dá é que, vendida ao Banco do Brasil, a empresa continua estatal, os sindicatos reclamam menos e o governador José Serra sofre menos desgaste. Mas o patrimônio não é dos sindicatos: é da população. Concorrência faz falta.

ALTAS RODAS
O presidente Lula se reúne nesta quinta-feira, no Vaticano, com o papa Bento 16. Na sexta-feira, em Washington, janta com o presidente Bush. No sábado, participa da reunião de cúpula do G-20, os 20 países mais ricos do mundo. Não espere qualquer resultado prático: essas reuniões valem pelos contatos que permitem.




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