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Esquadrilha da fumaça

A Aeronáutica continua estudando os caças franceses, suecos e americanos e só depois dos estudos o governo anunciará sua decisão

Por Carlos Brickmann
13/09/2009 | 00:00
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A Aeronáutica continua estudando os caças franceses, suecos e americanos e só depois dos estudos o governo anunciará sua decisão. O problema é que os estudos continuam, mas a decisão está pronta: é o francês Rafale. E o presidente Lula não é o senador Aloizio Mercadante. Para ele, irrevogável é irrevogável.

Qual a lógica por trás da escolha dos Rafale? Esqueça a explicação mais fácil, aquela em que sempre se pensa: no mercado mundial de armas não existem freiras e o que um faz todos fazem. A ética de um vendedor de armas é a mesma do outro. A chave é a transferência de tecnologia: os americanos prometem transferir "a tecnologia necessária", e os franceses uma "transferência ilimitada". Qual a diferença? Se o Brasil quiser transferir tecnologia do Rafale a outro país - à Bolívia, digamos - estará livre. Mas não poderá transferir a tecnologia do F-18 Hornet, americano, porque aí não será a "tecnologia necessária" para operá-lo.

Um problema destes impediu a Embraer de vender seus caças Supertucano à Venezuela, porque parte dos componentes usa tecnologia americana. Com a "transferência ilimitada" oferecida pelos franceses, este problema não existirá.

Todo o resto da história é história. Os cargueiros KC-390 que a França prometeu comprar da Embraer, por exemplo: os KC-390 ainda nem existem. E, quando existirem, enfrentarão a concorrência do cargueiro aéreo Airbus, francês.

Qual dos dois aviões, produzidos ambos por empresas conceituadas, merecerá a preferência da França: os que criam emprego aqui ou os que criam emprego lá?

BOM PAPO
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, deve ir até o dia 20 deste mês à Câmara dos Deputados, para participar de uma audiência pública sobre o acordo militar com a França. Por se tratar de um convite, Jobim pode aceitá-lo ou não. Mas vai aceitar. Não haverá problemas em sua conversa com os deputados: eles entendem tudinho de acordos.

É ELE!
O relator de um dos quatro projetos que vão definir a forma de exploração do petróleo do pré-sal - projeto do governo federal - é o deputado João Maia, do PR do Rio Grande do Norte. Ele é mais conhecido por ser irmão de Agaciel Maia, aquele que foi diretor do Senado, e por ter tido em seu nome a casa de Agaciel, avaliada em R$ 5 milhões.

É O CARA!
O presidente Lula será testemunha de defesa no Supremo Tribunal Federal, no caso do Mensalão, dos ex-deputados Roberto Jefferson (PTB-RJ), e José Janene (PR-PR). Nossa!

O VOTO QUE VALE
Não se impressione com as pesquisas sobre as eleições presidenciais. É muito cedo para que indiquem tendências precisas. Muito mais importante, em termos de eleição, é o noticiário econômico: a queda da inflação (em agosto deu 0,15%) e a retomada do crescimento (embora ainda pequena, é melhor que a recessão) podem render votos à candidatura governista, desde que consiga capitalizar os bons resultados. Economia não é tudo numa eleição, mas é uma boa parte.

MST NA MIRA
A senadora Katia Abreu, DEM de Mato Grosso, está organizando uma CPI mista, da Câmara e Senado, sobre doação de recursos públicos ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra). Para não ser responsabilizado por suas atividades, o MST não tem personalidade jurídica. De acordo com a revista Veja, quem recebe recursos nacionais e internacionais e financia as invasões promovidas pelo MST são ONGs criadas para isso.

JOGO DE CENA...
A emenda constitucional que aumenta o número de vereadores deve ser votada em segundo turno nesta semana, na Câmara; e deve ser aprovada por ampla maioria, que nenhum parlamentar é besta de desagradar os interessados em ganhar um ingresso na vida pública e que funcionam como cabos eleitorais. Os parlamentares tentam plantar a notícia de que só estão fingindo que são a favor do aumento do número de vereadores porque têm certeza de que o Supremo Tribunal Federal irá bloquear a medida. Os parlamentares estariam sendo vítimas de chantagem, coitadinhos: os suplentes pressionam pela aprovação e ameaçam Suas Excelências de represálias, no próximo pleito, em suas bases eleitorais. Mas eles querem mais vereadores, sim.

...E VOCÊ PAGA
Se os parlamentares estivessem fazendo apenas jogo de cena, não tentariam convencer o contribuinte de que, com mais vereadores, mais assessores, mais secretárias, mais motoristas, mais contínuos, mais gabinetes, mais telefonemas, mais móveis e utensílios, mais máquinas de xerox, mais franquias postais, os gastos diminuiriam. Numa época em que todos têm de cortar despesas, as câmaras querem aumentá-las - e ainda nos convencer de que vão reduzi-las. É demais.




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