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Se vaza, alguém tem de tapar

Acidentes acontecem. Há quase 500 anos existe exploração intensiva de carvão e ainda há minas que explodem, ainda há mineiros que são soterrados. A us

Por Carlos Brickmann
30/11/2011 | 00:00
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Acidentes acontecem. Há quase 500 anos existe exploração intensiva de carvão e ainda há minas que explodem, ainda há mineiros que são soterrados. A usina nuclear de Fukushima foi abatida por um tsunami. A exploração do petróleo também tem seus riscos: vez por outra, algum acidente acontecerá. Pode ser imperícia, fatalidade, sabotagem, não importa. O importante é agir com presteza.

No Brasil, temos três problemas com petróleo ao mesmo tempo: o vazamento da Chevron no Campo de Frade, o vazamento de gás da Petrobras em Marlim Sul, no mar de Campos, e o mau armazenamento do petróleo recolhido em Frade, que pode contaminar as águas subterrâneas de cidades do litoral do Rio.

Como lidar com isso? A Agência Nacional de Petróleo tem 13 (sim, treze) fiscais para 26 mil poços. Não tem helicóptero: se quiser fiscalizar um poço no mar, precisa pedir transporte à empresa que está perfurando. Não há, portanto, fiscalização de surpresa, como deve ser feita. E a ANP aceita que a Chevron reforme uma sonda fora de uso, de tão velha e carcomida, para usá-la no Brasil.

Quem deveria fornecer recursos para que a ANP montasse sua estrutura? O Ministério de Minas e Energia. Mas terá alguém ouvido qualquer sussurro do Ministério, em toda essa história de vazamento? O ministro Édison Lobão, o Magro Véio, nomeado por José Sarney, está mais silencioso que um gato mudo.

É preciso prevenir-se, não só para tentar evitar que ocorram problemas como para enfrentar seus efeitos. Acidentes acontecem, mas não é preciso abusar.

Boca fechada

Se o vazamento de óleo da Chevron fosse um filme, a trilha sonora seria de Simon e Garfunkel: O Som do Silêncio. Ninguém ouviu um sussurro sequer da presidente Dilma Rousseff - que, recordemos, fez toda a sua carreira no serviço público, até chegar à Casa Civil, na área de Minas e Energia. Sempre disposta a distribuir conselhos e a dar pitos, até agora preferiu incluir-se fora deste caso.

Com quem andas

Mas que esperar de um Governo em que o ministro do Trabalho era funcionário da Câmara e não trabalhava, o ministro da Educação não consegue fazer uma prova escolar sem problemas, a ministra da Pesca vira coordenadora política de uma hora para outra e a ministra de Políticas para as Mulheres protesta quando uma mulher brasileira, Gisele Bündchen, faz sucesso em publicidade?

Importando índios

Terra demais, índio de menos. Conta o bem-informado colunista Cláudio Humberto (www.claudiohumberto.com.br) que índios de diversos países sul-americanos estão sendo levados para a reserva Raposa-Serra do Sol, área que produzia muito arroz e hoje, depois da expulsão dos não-índios, não produz nada.

É uma coisa nova - não a importação de índios, que sempre ocorreu, mas a busca de tribos de outros países que não a Guiana. Há também migrações internas patrocinadas por ativistas e com apoio de órgãos oficiais, como a Funai. Há anos, a Folha de S.Paulo mostrou que a Funai levava índios do Mato Grosso para Rondônia, para poder expulsar agricultores que tinham comprado suas terras em leilões do Incra (e que eram consideradas "área de perambulação indígena"). Na época, os índios perambulavam em viaturas oficiais, e seu cacique, Manuel, perambulava numa caminhonete de cabine dupla, topo de linha. Mesmo assim, levariam umas duas semanas para percorrer a tal área de perambulação.

Depois da reportagem, cessou o transplante de tribos naquela área. Em outras, continua.

O deputado do 69

Já faz um mês - e até hoje o deputado tucano Barros Munhoz, presidente da Assembléia paulista, não revelou qual o deputado que usa o carro com placa de bronze 69. É um carro que se notabilizou por direção perigosa e excesso de velocidade na rodovia Castelo Branco, e que mais tarde foi visto, em dia de serviço (ou de folga, na Assembléia nunca se sabe) entrando na garagem de um hotel da Alameda Campinas às cinco da tarde.

Deputado Barros Munhoz: qual o nobre parlamentar que usa este carro? Que Excelência usa carros pagos com dinheiro público para estrepolias no trânsito e sabe-se lá mais onde? É melhor revelar logo o que não deveria ser segredo, antes que os repórteres descubram tudo.

Gastar, gastar

Mas não falem mal dos deputados da Assembléia paulista - pelo menos, não falem mal só deles. O Senado, que já tem um ótimo serviço médico, que já manda os casos mais complexos para São Paulo, está se preparando para gastar mais R$ 66 milhões com planos de saúde para Suas Nobres Excelências.

Sem concorrência, claro: de acordo com a Mesa (presidida pelo senador José Sarney, do PMDB do Amapá), são uns 300 contratos que não necessitam de licitação.

Novidade total

Fantástico: o ex-presidente Lula revelou com exclusividade, em entrevista à revista americana The New Yorker, que não exclui a possibilidade de se candidatar de novo à Presidência. Como ninguém sabia, façamos cara de surpresos, tá? Também não garante que será candidato: "eu não sei o que pode acontecer no futuro, tá?" Mas lembra que só a morte pode tirar um político da política.




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