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Você faz parte da solução

Lembro-me bem do saudoso vice-presidente da República José Alencar...

Carlos Ferrari
09/05/2012 | 00:00
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Lembro-me bem do saudoso vice-presidente da República José Alencar, levando toda a imprensa à loucura com suas contundentes falas sobre os altos juros praticados pelo Brasil a partir das decisões de nosso Banco Central. 

Com muita habilidade política e, principalmente, com uma visão de dar inveja a doutores em economia, o então presidente Lula administrava o problema, deixando claro seu desconforto com o cenário, mas sua convicção de que o remédio amargo era mais que necessário para que conquistássemos as importantes reservas cambiais, e reposicionássemos o Brasil no mapa econômico mundial, rompendo de vez com o fantasma da inflação. É fato concreto que apenas os juros altos não foram isoladamente a alavanca que fez com que hoje nos posicionemos, não mais como uma promessa, mas sim como uma realidade dentre os principais mercados do mundo.

Também agora podemos constatar que a busca pela ‘soberania socioeconômica' é uma luta que demanda sempre novos cuidados e estratégias. Assim, os juros altos que pagamos durante anos para fazer frente à crises e às nossas próprias fragilidades agora já podem começar a cair em nome do crescimento do consumo interno, da redução da dívida pública e da necessidade urgente de estimularmos o surgimento de cada vez mais investimentos no País.

Essa análise que não é minha, mas sim de nossa presidente, que permite a todos os brasileiros vislumbrarem, no curto prazo, uma perspectiva totalmente nova de acesso ao crédito. 

Aliás, devemos lembrar que independentemente da qualidade, o acesso a essas novas possibilidades é bastante recente. Com o crescimento do emprego e com a decisão do Estado em estimular a inserção das classes C e D cada vez mais no mercado de consumo, foram desenvolvidas campanhas e mecanismos que permitissem pessoas passarem a sonhar com o primeiro carro, um novo eletrodoméstico e até com a primeira casa.

Agora o debate é em torno da qualificação desse crédito. O discurso preconceituoso e mal-intencionado de se manter juros altos em nome da grande inadimplência tem perdido a força e a agiotagem oficial de juros, que chegam a mais de 200% ao ano, parece estar com os dias contados.
Para que possamos futuramente celebrar mais esse salto de ‘qualidade de vida, financeira' dois fatores são fundamentais. Primeiro: é claro o compromisso seguido de ações efetivas dos bancos públicos. São eles que poderão dar o choque de realidade que o mercado obviamente não quer ver. Na outra ponta estamos nós: esse é o momento em que cada correntista deve se manifestar e se posicionar como consumidor, exigente e sabedor das novas possibilidades de mercado. Ligar para o gerente, negociar novas taxas, buscar outros bancos. Fazer os juros caírem na ponta passa pela necessidade de um tensionamento na relação entre oferta e procura. 

Assim, teremos que ser fortes e resistentes diante das negativas e inúmeras desculpas com aquela linguagem técnica e pesada, excelente para desanimar qualquer cristão ou ateu. Cidadãos brasileiros para avançar também terão que ter claro que crédito não é favor de banco, e pode sim ser questionado.

Com esse texto não quero chamar para nós, consumidores, a responsabilidade de mudar uma lógica perversa que se perfaz por décadas neste País. Seria uma visão ingênua e até injusta para com quem até hoje foi vítima de um processo aparentemente sem solução. O que afirmo aqui é que temos a oportunidade de fazer parte da conquista dessa mudança, e que essa transformação poderá não só significar a solução de um problema pessoal, mas, melhor que isso, pode significar a construção de histórias de vida com roteiros bem mais felizes.




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