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Associação Comercial de SP critica idéia da cesta básica
Carolina Rodriguez
Do Diário do Grande ABC
08/11/2003 | 20:36
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O economista da ACSP (Associação Comercial de São Paulo), Marcel Solimeo, mostrou-se contrário ao projeto de lei do deputado Lobbe Neto, que cria a Cesta Básica de Eletrodomésticos. Na opinião do especialista, dificilmente a proposta será aprovada e, se for, não resolverá o problema da queda nas vendas dos eletrodomésticos no país. Para Solimeo, mesmo com a ligeira recuperação nos últimos meses, o segmento deverá fechar o ano com recuo de 2% a 3% na comparação com 2002. “O ano passado foi muito fraco. Mesmo se tivermos crescimento, não será nada espetacular.”

Um dos pontos criticados pelo economista refere-se ao espaço que o texto abre para que as indústrias brasileiras invistam em linhas de fabricação de produtos populares. Segundo ele, mudar a cadeia produtiva agora não é a melhor solução. “Quando se fala em popular, significa fazer um produto específico para um determinado tipo de público. Já temos nossas linhas de produção que atendem tanto o mercado interno quanto o mercado externo e criar um produto novo, com menor valor agregado e qualidade inferior, não funciona. Precisamos pensar também nas nossas exportações”, disse.

Para o economista, uma das alternativas seria reduzir o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) dos eletrodomésticos mas, mesmo que esta medida seja adotada, o economista faz sua ressalva. “A carga tributária do segmento é muito alta, mas não adianta nada reduzir de um lado e aumentar do outro. A idéia é fazer uma reforma tributária ampla e generalizada para todos os setores da economia, beneficiando a indústria, o comércio e o consumidor brasileiro de modo geral.”

Os altos juros também prejudicam o desempenho da economia, segundo Solimeo. As taxas encarecem ainda mais o crédito e afastam os consumidores das compras à prazo e, conseqüentemente, da aquisição de bens de alto valor agregado, entre eles, os eletrodomésticos.

Arrecadação – O benefício fiscal deve ser uma das causas da não-aprovação do projeto de lei em Brasília, de acordo com o economista da Associação Comercial. Para ele, é muito difícil que o governo aprove esse tipo de medida em tempos de orçamento apertado. “A proposta implica em renúncia fiscal e, se for aprovado, teremos que ver de onde sairá a contrapartida. Se cortar gasto de um lado, mas aumentar na outra ponta, não adianta”, afirmou.




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