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CPI entrega nesta terça-feira lista para cassar 18
Por Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
30/08/2005 | 08:20
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O relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio, apresenta nesta terça-feira o relatório que pede a abertura do processo de cassação de 18 deputados federais, apontados como beneficiários de saques das contas do publicitário Marcos Valério. Na lista está Luiz Carlos da Silva, o Professor Luizinho (PT), que tem base eleitoral em Santo André. Luizinho acredita que não vai perder a cadeira. "Não vou ser cassado. Não fiz nada de ilícito." Mas, o cientista político Rudá Ricci, professor da (PUC) Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, assessor da Cáritas Brasileira e do Fórum Brasil do Orçamento, revela, com exclusividade para o Diário, que a cassação dos parlamentares denunciados por Roberto Jefferson (PTB-RJ) – que também está na lista de Serraglio – é parte de amplo acordo para conter a crise e, portanto, inevitável. Diz ele que obteve a informação de fonte segura, de "um ex-ministro".

Luizinho (PT) reconhece em defesa informal apresentada ao relator Serraglio que o assessor de seu gabinete, José Nilson dos Santos, sacou R$ 20 mil do Banco Rural sob orientação do tesoureiro do PT, Delúbio Soares. Mas destaca que todo o dinheiro serviu para abastecer campanhas de vereadores do partido em cidades do interior paulista em 2004. "É uma injustiça atroz me colocar como beneficiário de mensalão. Eu era líder e vice-lÍder do governo. Eu não tive caixa dois e nem apoio financeiro para minha campanha e para meu mandato", afirma.

Ricci afirma que o acordo pela cassação de 18 parlamentares (veja relação nesta página) prevê ainda a preservação do mandato do presidente Lula, a definição da reforma política e de uma pauta mínima no Congresso. "Acho que eles (os deputados federais) vão ser cassados. Isso faz parte de um acordo que prevê expor alguns ‘generais‘ para manter o conjunto. Isso faz parte da satisfação para eleitores. É o corte mais leve que pode ser feito na carne dos partidos. Isso diminui a sanha dos opositores mais radicais."

Parafuso – A amenização da crise política nas duas últimas semanas é o primeiro sinal de que o governo, acossado pelas denúncias, finalmente encontrou canais para sair da crise sem que todo o processo político entre em parafuso. Ricci chama atenção para o fato de que até mesmo o feroz oposicionista César Maia (PFL) – prefeito do Rio e pré-candidato a presidente – amenizou o discurso pró-impedimento de Lula, contido, ironicamente, pelo senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA).

Ricci observa forte repercussão, nos bastidores, da carta em que os bispos de Itaici pediram apuração das denúncias, mas condenaram o impeachment. Ele lembra ainda que até mesmo a senadora Heloísa Helena (P-Sol) baixou o tom. E que Roberto Jefferson "sumiu do mapa". "Há acordos imensos, mas um retrocesso enorme". As acusações se multiplicaram de partido para partido, conduzindo para um acórdão. Tanto que Tarso Genro (que segunda-feira desistiu de ser candidato a presidente do PT) e a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) sugerem a convocação do Conselho da República, que nada mais é do que um acordo público, sem chantagens nos bastidores.

Na avaliação do cientista político, o sonhado processo de depuração da política vai ocorrer, mas não por meio da cassação de mandatos agora e, sim, nas eleições do ano que vem. "A situação é tão grave que coloca em risco a República. Não haverá depuração tão acentuada. O Congreso está desacelerando. E parece que o pronunciamento da oposição está mais voltado para desgastar o governo do que para investigar. A palavra impeachment saiu do vocabulário."




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