Depois de quatro meses do primeiro pacote de benefícios tributários oferecido a setores industriais e a demissão de milhares de trabalhadores, ontem, finalmente, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu que não existe o compromisso das empresas com a manutenção dos empregos mesmo com a desoneração tributária.

O setor automobilístico foi o primeiro a ser beneficiado com a redução das alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), ainda em dezembro. A iniciativa alavancou as vendas de automóveis nos três primeiros meses do ano depois de terem alcançado o fundo do poço ao final de 2008.

Nos três primeiros meses de 2009, mesmo com a desoneração do IPI, as montadoras de veículos dispensaram mais de 3 mil trabalhadores, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes dos Veículos Automotores). Desde dezembro do ano passado, foram quase 9 mil funcionários, além das dispensas não contabilizadas do segmento de autopeças.

Questionado sobre se essa garantia dos empregos seria meramente verbal, Mantega respondeu que as reduções tributárias não incluem todos os produtos que são fabricados nas empresas e que um acordo nesses termos seria impossível de ser formalizado. "Mas eles estão fazendo aqui um compromisso conosco e com os trabalhadores representados, de modo que eles não vão demitir, vão procurar até admitir mais trabalhadores, porque as vendas deverão aumentar", justificou o ministro durante anúncio de redução do IPI para os produtos da linha branca, na sexta-feira, em São Paulo.

O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), minimizou a "brecha" em relação à garantia dos empregos. Segundo ele, a indústria nesse setor empregava 34.308 trabalhadores em fevereiro no País. Desde outubro, 1.827 trabalhadores foram demitidos no segmento, uma redução de 5%. A expectativa é que eles sejam readmitidos em razão da redução do IPI e do aumento das vendas. (Com agências)