A edição de inverno da Liquida São Paulo, liquidação classificada pelos organizadores como a maior do varejo brasileiro, começa nesta quarta-feira desfalcada em relação à do ano passado. Dos quatro maiores shoppings do Grande ABC, participam dois - Shopping ABC, de Santo André, e Mauá Plaza Shopping, de Mauá. Em agosto de 2004, os quatro aderiram. O total de shoppings na Grande São Paulo também diminuiu - de 25 no inverno passado para 15.

Os shoppings locais que não participam neste ano - Metrópole, (São Bernardo) e ABC Plaza (Santo André) - argumentam que não aderiram devido às liquidações antecipadas, em razão do atraso do inverno e da proximidade do Dia dos Pais, que também exige investimento em campanha promocional.

Para participar da Liquida São Paulo, segundo a Alshop (Associação Brasileira de Lojistas de Shopping), cada um dos estabelecimentos participantes desembolsoua entre R$ 20 mil e R$ 30 mil.

Promovida duas vezes por ano pela Alshop - no fim do inverno e no fim do verão -, a ação chega à 16ª edição e vai até o próximo domingo. Desta vez, a campanha acontece em 700 lojas de rua e de 15 shoppings da Grande São Paulo, que oferecerão descontos de 10% até 70%. Com investimento de R$ 1 milhão, a intenção é aproveitar a proximidade com o Dia dos Pais para incrementar as vendas em 7% e aumentar o público dos shoppings em 8% na comparação com a Liquida São Paulo de inverno do ano passado.

De acordo com o diretor-executivo do Idelos (Instituto Brasileiro de Defesa dos Lojistas de Shopping Centers), Pedro Lessi, a redução do número de estabelecimentos "demonstra a fragilidade" da Liquida São Paulo. Para ele, o que seria oportunidade de reduzir os preços não existe mais, já que os lojistas não teriam margem de lucro que justificasse participar.

"Se considerarmos os valores pagos por aluguel, condomínio e fundo de promoção, as lojas satélites (pequenas) dos shoppings têm aumento médio nos custos de 80% ao ano. Isso faz com que não consigam reduzir os preços porque já ficam no limite da margem de lucro. Se participassem, ficariam no prejuízo. Além disso, a Liquida São Paulo é 'infeliz' até na data, porque os organizadores não tiveram sensibilidade para verificar que as liquidações deveriam começar antes, já que este ano não tivemos inverno", afirmou Lessi.

Segundo o diretor de Relações Institucionais da Alshop, Paulo Pandjiarjian, a redução do número de shoppings participantes não influenciará negativamente o resultado da Liquida São Paulo. Para ele, a participação de 700 lojas neste ano contra 280 no ano passado deve compensar a ausência de parte dos shoppings. "Intensificamos as ações com as grandes redes neste ano e isso deve significar muito para os resultados."

O presidente da Alshop, Nabil Sahyoun, destacou ainda que apesar de muitos terem iniciado as liquidações antecipadamente, as ações não conseguiram enxugar as mercadorias de inverno, que ainda são, na média, 30% dos estoques dos shoppings. "A campanha, somada ao Natal e aos bilhões que o 13º injeta na economia, deve ser responsável por crescimento de 6% a 8% no faturamento dos shoppings." Sahyoun destacou que o incremento deve-se também à abertura de novos estabelecimentos.

O ABC Plaza Shopping, de Santo André, confirma que não participou da campanha em razão de ter iniciado as liquidações em julho, ao verificar o atraso do frio. De acordo com a assessoria do estabelecimento, os lojistas já estão com margem de lucro reduzida e seria impossível diminuir ainda mais os preços. Já o Shopping Metrópole, optou por não participar porque já havia aplicado R$ 250 mil na campanha de Dia dos Pais. No ano passado, a Liquida São Paulo ocorreu na segunda quinzena de agosto e serviu para os shoppings queimarem definitivamente os estoques do Dia dos Pais e do inverno.