O jornal americano The Wall Street Journal voltou a criticar duramente a França nesta sexta-feira, num editorial em que afirma não se surpreender com a pesquisa a que será submetido Jean-Bernard Mérimée, ex-embaixador francês na ONU (Organização das Nações Unidas), dentro da investigação sobre a suposta corrupção dentro do programa Petróleo por Alimentos no Iraque de Saddam Hussein.

"Sabemos agora o que os franceses queriam dizer quando falavam em multilateralismo", ironizou o editorial. "Era fazer negócios com ditadores e fazê-lo na ONU". Mérimée foi submetido na quarta-feira a uma investigação por "tráfico de influência" e "corrupção ativa de agente público estrangeiro", dentro da investigação sobre supostas malversações ligadas ao programa Petróleo por Alimentos.

O ex-embaixador não é o único francês envolvido no escândalo lembrado pelo jornal, que cita, entre outros, os nomes do ex-ministro do Interior francês Charles Pasqua e do ex-secretário-geral do Quai d'Orsay Serge Boidevaix. O Wall Street Journal também denuncia as empresas francesas Total e BNP-Paribas, que, segundo o jornal, "beneficiaram-se do Petróleo por Alimentos".

"Sucessivos presidentes franceses, desde Charles de Gaulle, cortejaram o Iraque", diz o jornal, estimando que o caso sob investigação justificou a invasão do Iraque pelos Estados Unidos.