Hey Baby (New Rising Sun), Stone Free, Hey Joe, Foxey Lady, Purple Haze e Voodoo Child (Slight Return), além de sua paradigmática versão para o hino dos Estados Unidos, são algumas das faixas. Live at Berkeley flagra Hendrix numa fase em que alternava altos e baixos, sucumbindo perante o turbilhão das drogas e a volúpia das mulheres, ambas em abundância.
E num momento em que recompunha a banda que idealizou, responsável pelo melhor período de sua carreira – já havia trocado o baixista Noel Redding, com quem se desentendera, por Billy Cox e segurava o baterista Mitch Mitchell. Também procurava assimilar outras sonoridades, como o jazz e o flamenco.
O resultado é um show em que Hendrix se afasta um pouco das suas primeiras e incandescentes exibições, quando literalmente tocava fogo na guitarra, embora ainda simulasse fazer sexo com ela no palco. Dirigido por Peter Pilafian, o DVD é mais conhecido como Jimi Plays Berkeley (Universal, R$ 40 em média). Enquanto o CD reproduz a segunda apresentação daquela noite, o DVD mistura as duas.
Influenciado por Robert Johnson e B.B. King (o blues, portanto, sempre esteve em suas veias), Hendrix aprendeu violão aos 11 anos e tocava guitarra desde os 16. Era ótimo – acompanhou Little Richard e Wilson Pickett, entre outros –, mas um tanto convencional. A revolução ainda estava por chegar.
Em 1966, Hendrix se apresentava, quase anônimo, num clube noturno em Nova York. Ex-baixista do grupo inglês The Animals, Chas Chandler começava a carreira de empresário. Assombrou-se quando viu aquele guitarrista extraindo acordes impensáveis do instrumento. Tomaram o avião para Londres e formaram o The Jimi Hendrix Experience com Mitchell e Redding.
Depois de deixar guitarristas como Eric Clapton, Jeff Beck e Pete Townshend atordoados, Hendrix voltou aos Estados Unidos para o festival de Monterey, em 1967. Figura magnética, tocando com uma liberdade vertiginosa e sempre no limite, ou além dele, do instrumento e da aparelhagem, o guitarrista integrou-se ao imaginário psicodélico.
Mesmo aliados a uma voz expressiva, capaz de alcançar a profunda emotividade do blues, solos intensos e rápidos eram pouco para ele, que conhecia desafios somente na busca de novos sons. Sufocado pelo próprio vômito, depois de uma noite regada a barbitúricos e álcool, James Marshall Hendrix morreu em Londres, a cidade que primeiro o reverenciou.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.