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Países árabes temem guerra civil no Iraque
Da AFP
09/04/2004 | 19:04
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Os países árabes, preocupados com a rápida degradação da situação no Iraque, multiplicaram nesta sexta-feira seus apelos para o fim dos confrontos entre as forças da coalizão e os combatentes xiitas e sunitas, alertando para os riscos de uma guerra civil.

O Conselho de Cooperação do Golfo (CCG) e alguns países da região advertiram que um agravamento da conjuntura, a partir deste momento, pode levar ao "caos" ou a uma "guerra civil" no Iraque.

Alguns analistas políticos apontam a aproximação de sunitas e xiitas após o início da ofensiva norte-americana contra a cidade sunita de Fallujah, ao oeste de Bagdá.

Na quinta-feira, o secretário-geral do CCG (formado por Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Kuwait, Qatar, Bahrein e Omã), Abdel Rahman Al-Attiya, fez um apelo "a todas as partes envolvidas para o fim imediato dos atos de violência".

Al-Attiya pediu aos iraquianos que "privilegiem o interesse nacional sobre qualquer outra consideração" e às forças de ocupação, que "assumam plenamente suas responsabilidades para garantir a segurança do país".

Os ministros das Relações Exteriores da Jordânia, Marwan Moasher, e do Qatar, Hamad Ben Jassem Al-Thani, foram mais longe e disseram temer uma "guerra civil" no Iraque.

Em contrapartida, o analista político iraquiano Zafer Al-Eini afirmou, em entrevista ao canal de televisão por satélite Al-Jazeera, do Qatar, que "os xiitas e sunitas se unem pela primeira vez".

"Os iraquianos vivem um momento único de união nacional", comentou.

Mustafá Olwi, professor egípcio na Faculdade de Economia e Ciências Políticas no Cairo, ressaltou que "a ofensiva contra Fallujah não faz mais do que reforçar o sentimento nacional iraquiano contra a ocupação".

"Essa ofensiva uniu os sunitas e os xiitas, algo contrário aos objetivos perseguidos pelos norte-americanos", analisou.

O Iraque é palco de sangrentos confrontos desde o domingo passado entre as forças da coalizão liderada pelos EUA e combatentes sunitas e xiitas, em particular os milicianos do chefe radical xiita Moqtada Sadr.

Esses combates coincidiram com uma operação de grande envergadura dos EUA em Fallujah para capturar os responsáveis pelo assassinato de quatro americanos na semana passada.

A Organização Árabe de Direitos Humanos (OADH) denunciou nesta sexta-feira o que qualificou de "massacres cometidos pelas forças de ocupação norte-americana contra os civis iraquianos", avaliando que se tratam de "crimes de guerra".

A imprensa libanesa denunciou na quinta-feira, por sua vez, a política americana no Iraque. "Guerra aberta norte-americana contra os civis no Iraque", dizia a manchete do jornal Al-Liwaa, enquanto o jornal árabe de grande tiragem Al-Hayat escrevia em sua primeira página: "Dia de massacres em Fallujah" e "determinação norte-americana de destruir o 'Exército' de (Moqtada) Sadr".

No Cairo, o secretário-geral da Liga Árabe, Amr Mussa, declarou que sua entidade estava preparada para ser sede de reuniões entre "as forças e os dirigentes iraquianos (...) e a ONU, os europeus e todos aqueles que quiserem ouvir o que os iraquianos desejam."

Por outro lado, o ministro israelense da Defesa, Shaul Mofaz, disse nesta sexta que Israel "cruza os dedos" pela vitória dos americanos no país vizinho, manifestando sua preocupação com o efeito dominó da rebelião antiamericana no Iraque e as conseqüências da atual "Intifada" para o conjunto da região.




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