Após desmoronamento de morro e interdição de moradias, famílias do Jardim Santo André relatam insegurança
O deslizamento do morro que cerca o núcleo Lamartine, situado em área de risco de Santo André, continua preocupando cerca de 100 famílias que vivem na invasão. Uma semana após o episódio, a beira da encosta continua apresentando pequenos desmoronamentos diários agravados com as fortes e atípicas chuvas que atingiram a região nos últimos dias.
Embora a Defesa Civil de Santo André tenha feito interdição de 15 imóveis, destruídos pela primeira avalanche de terra, moradores que vivem próximos à área cobram novas medidas drásticas em relação à segurança do local. “Não podemos esperar o pior acontecer de novo. Muitas pessoas vivem na área e precisam ser removidas do local com urgência. Nem sequer uma faixa foi colocada embaixo do morro sinalizando perigo”, conta a dona de casa Jussara Dias Pinto da Silva, 48 anos.
Após ver seu barraco destruído durante a chuva da última semana, o ajudante geral Joselito José de Carvalho Santos, 50, ainda busca recuperar o pouco que restou de seu antigo lar. “É uma vida inteira perdida num piscar de olho, numa única avalanche”, lembra.
O barraco de Santos era o primeiro abaixo do morro. Com o deslizamento da terra e queda de árvores durante o episódio, todos os seus pertences foram arrastados a quase quatro metros de distância. “Minha casa ficou irreconhecível.” Ainda na dependência da liberação do auxílio-moradia concedido pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), ele tem se arriscado vivendo num barraco à beira da encosta. “Foi a única alternativa que tive.”
Ontem, após oito dias da tragédia, a manicure Nilsa Cristina de Souza, 37, voltou à sua antiga casa na tentativa de entender o que aconteceu naquele domingo. “Ainda busco uma resposta para tudo isso para poder criar forças para recomeçar.”
De acordo com a Prefeitura de Santo André, agentes da Defesa Civil estiveram no local onde houve o deslizamento durante toda a semana passada, inclusive ontem, visto a necessidade de novos chamados dos moradores. Foram visitadas 46 moradias com algum risco provável de deslizamento e foram feitas 15 interdições. Todas as famílias foram encaminhadas para a CDHU. Nestes casos, os moradores foram direcionados ao aluguel social do Estado e demais providências de ajuda humanitária.
Sobre a área irregular, o município andreense observou que atua junto ao governo estadual para possíveis intervenções.
Forte temporal deixa dez mortos no Grande ABC
O forte temporal que provocou o desmoronamento de barranco no núcleo Lamartine, em Santo André, e castigou demais municípios da região, na última semana, provocou a morte de dez pessoas no Grande ABC.
Foram quatro óbitos – todos da mesma família – em Ribeirão Pires, após deslizamento de terra no bairro São Caetaninho, e outras seis vítimas fatais por afogamento, sendo três em São Caetano, duas em Santo André e uma em São Bernardo. No Estado, outras três pessoas vieram a óbito após episódio.
Nos últimos 17 anos, 38 indivíduos morreram, na região, devido a problemas causados por temporais entre as sete cidades.
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